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“Velho ou idoso?”

Plauto de Lima é coronel da reserva da PM e mestre em Planejamento de Políticas Públicas. Foto - Arquivo Pessoal.

Com o título “Velho ou idoso?”, eis artigo de Plauto de Lima, coronel da reserva da PM do Ceará e mestre em Planejamento de Políticas Públcias. “Entendo que não chegamos tão longe nessa caminhada da vida para sermos rotulados ou ideologizados. Velho ou idoso, o fato é que hoje, independentemente da idade, devemos viver mais e melhor cada momento. Afinal, como disse Adélia Prado: “Aquilo que a memória amou fica eterno”, expõe o articulista.

Confira:

Quase todos os dias, por volta das cinco da manhã, me arrasto na cama até deslizar na sua extremidade para ficar de pé e começar a minha peregrinação para a academia. Vencendo essa preguiçosa etapa inicial, tudo fica mais fácil quando chego naquele local e encontro outras pessoas se exercitando em ritmo acelerado.

Certo dia, avistei um amigo que jogava futebol comigo no “racha” de pessoas acima de cinquenta anos. Com porte físico mais jovem, ele sempre levava vantagem sobre os cinquentões, e eu desconfiava que ele não tinha idade para participar do nosso grupo. Então, fui ao encontro dele e comecei a puxar assunto sobre atividade física. Ele disse que diariamente estava na academia e chegava sempre às cinco da manhã. Daí, aproveitei a deixa para perguntar a sua idade e confirmar a minha suspeita que ele jogava no “racha” com idade abaixo da nossa média. Para minha surpresa ele era mais velho do que eu três anos. O cara tinha cinquenta e cinco anos. Elogiei-o e saí cabisbaixo até um aparelho de musculação para fortalecer os bíceps.

Peguei uma anilha, me abaixei para ajustar o peso e, em seguida, comecei a minha série de exercícios. Quando terminei a primeira sequência, uma pessoa pediu para compartilhar o aparelho, com o que logo consenti. Ao olhar o peso que eu estava usando, comentou que era muito leve. Eu, esbaforido após os exercícios, justifiquei que a juventude dele não me servia como referência. Então, ele olhou para mim e revelou que tinha sessenta e um anos. Fiquei mal!

Depois desses fatos lembrei de outros amigos, acima dos cinquenta, sessenta, setenta e até oitenta, que tinham um estilo de vida jovial. Por exemplo, o líder da minha igreja, um pastor setentão, pratica natação todos os dias em mar aberto. Um outro amigo, oitentão, dirigiu recentemente de Fortaleza a Belém no seu carro de marcha mecânica. Mas, afinal, o que é um velho nos dias de hoje?

Quando eu era jovem, uma pessoa velha, mas fisicamente rija e endinheirada, era chamada pelas “cocotas” (é o novo!) de “coroa enxuto”. Contudo, caso esse velho não fosse abastado, era taxado de “velho gaiato”. No mundo “instagramável” esse conceito ficou híbrido, e uma pessoa velha e rica ficou conhecida jocosamente como “velho da lancha”. Já o velho sem dinheiro, chamam de idoso, para não serem cancelados pela comunidade “woke”. A política, movida pela ideologia, cancela quem chamar uma pessoa de velha.

Os mais afetados ideologicamente chamam quem tem uma idade avançada de “melhor idade”. Até uma lei foi criada para os velhos, mas batizada de “Estatuto do I doso”. Bobagens de quem ainda tem muito a aprender com a vida, que é breve, um de repente, como ensinou Vinicius de Morais: “De repente do riso fez-se pranto, silencioso e branco como a bruma…De repente, da calma fez-se o vento…De repente, não mais que de repente.”

Para o escritor Rubem Alves, a velhice é quando se sai em busca do tempo perdido. Por isso, gosto desse poema atribuído ora a Jorge Luís Borges, ora a Nadine Stair: “Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria mais tolo ainda do que tenho sido; na verdade, bem poucas coisas levaria a sério…Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da sua vida. Claro que tive momentos de alegria. Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos. Porque, se não sabem, disso é feito a vida, só de momentos.”

Entendo que não chegamos tão longe nessa caminhada da vida para sermos rotulados ou ideologizados. Velho ou idoso, o fato é que hoje, independentemente da idade, devemos viver mais e melhor cada momento. Afinal, como disse Adélia Prado: “Aquilo que a memória amou fica eterno”.

*Plauto de Lima

Coronel da reserva da PMCe e mestre em Planejamento de
Políticas Públicas.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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  • Boa Noite, meu Amigo Cel Plauto! Quero parabenizá-lo pelo seu artigo tão rico e moderno, que é a questão da vida do idoso. Hoje, me encontro na reserva graças a Deus e com 62 anos de idade.

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