Categorias: Opinião

“Vencendo a dependência” – Relatos Organizados Por Mirelle Costa

Em referência ao Agosto Lilás, mês da conscientização e enfrentamento à violência contra as mulheres, a jornalista e escritora Mirelle Costa relata diariamente, neste espaço, casos que servem de alerta a todos nós

Confira:

(O texto abaixo foi escrito por uma mulher vítima de violência doméstica, atendida na Casa da Mulher Brasileira, em Fortaleza. O texto compõe a obra “Após a Morte do Conto de Fadas, a Ressurreição”, publicada pelo Senado Federal, e organizada pela jornalista e escritora Mirelle Costa. Este texto pode conter gatilhos emocionais que podem afetar algumas pessoas).

Mais uma vez me apresento: sou Luz, tenho quarenta anos e sou mãe de três filhos maravilhosos.

Não tive uma vida muito fácil, mas nunca parei de lutar pelos meus objetivos. Tive um relacionamento de um pouco mais de três anos com o pai de minha primeira filha. Ele era um homem muito trabalhador, responsável e me tratava muito bem, porém, devido a vários conflitos, principalmente quando ele decidiu se afundar em meio à bebida, resolvi colocar um ponto final em nosso relacionamento, pois não queria que nossa filha presenciasse o pai completamente bêbado pelos cantos.

Em 2003, conheci meu ex-marido. Pensei ter encontrado meu príncipe encantado. Um homem maduro, bem mais velho que eu. Já era divorciado e eu era sua terceira esposa.

Como estava encantada por ele, não vi problema em me relacionar.

Namoramos e, depois de uns meses, fui morar com ele e levei minha filha. Tudo era bom no começo. Ele me ajudou a criar minha filha, até que, um dia, ele se revoltou e não a quis mais em nosso meio. Sofri muito em ficar longe dela; porém, o que me confortou foi que eu tinha nosso primeiro filho comigo.

Vivemos juntos por cinco anos, até que, depois, resolvemos nos casar e, desde então, minha vida mudou. Ele começou a mostrar quem era realmente: um homem narcisista, agressor, opressor.

Pensei que ele me amava, por isso cuidava tão bem de mim. Passei por
muitos momentos ruins, mas nunca deixei de lutar pela minha família.

Ele sempre me humilhava com palavras, “me dando vários homens” do começo ao fim de nosso casamento (sim, porque eu casei e há dois anos nos divorciamos).

Porém, ainda luto todos os dias contra essa dependência que tenho dele e me culpo por não ter forças de encerrar esse ciclo de violência que me faz sofrer tanto. Sinto-me impotente por não colocar um ponto-finalem tudo isso, mas, em meio a tudo isso que passei, não desisto de lutar e, um dia, poder dizer, em alto e bom som, que eu fui uma mulher vítima de violência doméstica, porém sobrevivi.

Luz

(Diante de qualquer situação de violência doméstica, ligue 180, é a Central de Atendimento à Mulher, um serviço telefônico do governo federal que oferece acolhimento, orientação e informações sobre os direitos das mulheres, além de receber denúncias de violência contra a mulher)

Mirelle Costa e Silva é jornalista, mestre em gestão de negócios e escritora. Atualmente é estrategista na área de comunicação e marketing

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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