Com o título “Violência no Ceará: falácia ou fake news?”, eis artigo de Plauto de Lima, coronel RR da PMCE e mestre em Planejamento de Políticas Públicas. “Participando de debates sobre a crescente onda de violência no Estado, observei como o uso de falácias na construção de argumentações inválidas está causando grande dano à busca por soluções para esse gravíssimo problema”, expõe o articulista.
Confira:
É inegável que vivemos uma revolução tecnológica e digital, impulsionada pelo desenvolvimento da internet, das redes sociais e das novas formas de interconexão global. Ouso pensar que, caso Eric Hobsbawm (1917–2012) — o historiador britânico considerado um dos mais influentes do século XX — ainda estivesse entre nós, daria continuidade aos seus estudos sobre as Eras, abordando a nossa como a Era da Comunicação ou a Era da Informação. Contudo, essa massificação da informação trouxe consigo uma queda na sua qualidade e, em muitos casos, na sua veracidade.
Diante disso, o legislador se apressou em criar mecanismos legais para conter essa massa de pessoas ávidas por likes, que disseminam notícias falsas. Todavia, quando se trata das falácias — argumentações enganosas ou inválidas, que podem parecer lógicas, mas contêm erros de raciocínio —, ainda não foi imposto nenhum freio legal. Não se sabe se por medo de criminalizar a fala de alguns pares ou por confundi-las com a retórica — a arte de persuadir usando palavras, técnicas de argumentação e estilos discursivos —, o fato é que os legisladores ainda não impuseram sanções para tais práticas. Afinal, como diz a canção de Caetano: “Narciso acha feio o que não é espelho.”
Participando de debates sobre a crescente onda de violência no Estado, observei como o uso de falácias na construção de argumentações inválidas está causando grande dano à busca por soluções para esse gravíssimo problema. Antes, tais argumentos não me incomodavam, pois eram tão fantasiosos que eu simplesmente os desprezava. No entanto, percebi que essas falácias, de tão repetidas, estavam sendo assimiladas por membros da imprensa, outros políticos e formadores de opinião como se fossem verdadeiras.
Notei também que a disseminação desses argumentos inválidos, ao serem amplamente aceitos, gerou comodismo entre os gestores públicos, que se valiam desses sofismas para encobrir sua incompetência, enquanto o problema da violência se agrava cada vez mais.
É comum ouvir, nesses debates, afirmações como: “a violência está crescendo em todo o Brasil, não é somente aqui no Ceará”; “a violência no Ceará existe porque somos um estado pobre”; “a culpa do aumento da violência no Ceará são os motins da PM”; “o crime organizado é o culpado pela violência no Estado”; “as fronteiras estão abertas e o governo federal não está conseguindo agir”.
Mesmo contra-argumentando essas falácias durante os debates, compreendi que tenho o dever de disseminar a verdade para a população também por meio escrito, através de artigos sobre o tema. Dessa forma, para não fazer deste artigo uma dissertação, irei, nas próximas publicações, dissecar cada argumento citado acima, buscando desconstruir essa manipulação de fatos usados intencionalmente para causar engano.
Na próxima semana, desconstruiremos a primeira falácia: “a violência está crescendo em todo o Brasil, não somente aqui no Ceará”.
Por fim, se possível, repasse este artigo para o máximo de pessoas, para que possamos criar uma corrente da verdade e cobrar melhores resultados dos nossos governantes.
*Plauto de Lima
Coronel RR da PMCE e mestre em Planejamento e Políticas Públicas.
Ver comentários (1)
Não levante tanto a peneira; no Ceará, o sol brilha! Além do mais: quem é o pai da mentira? Não é alguém que você segue e admira, no plano nacional?