“Você já namorou num Fusquinha?” – Por Francisco J. Caminha

F.J.Caminha, escritor e ex-deputado. Foto: Divulgação

Com o título “Você já namorou num Fusquinha?”, eis mais um conto da lavra de Francisco J. Caminha,escritor e ex-deputado estadual. Hummmm…

Confira:

Houve uma época em que o Fusca não era apenas um carro, mas um verdadeiro símbolo de liberdade e romance. O veículo era como se fosse um passaporte para o mundo das fortes emoções.

Quem já namorou em um, já está denunciando que tem bem mais de quarenta anos de idade.

Eu tinha um fusquinha verde 1300cc, de farol selado, em inglês Sealed Beam. Aqui a gente aportuguesou com o nome de farol “Silibim”.

Alguns anos depois, chegaram versões mais modernas e potentes, com os faróis traseiros mais largos e maiores, que foram apelidados de “Fafá de Belém”, em alusão aos seios de uma cantora.

Às vezes, estacionava o veículo em um canto esquecido de uma rua escura e deserta, onde a copa das árvores filtrava a luz da lua e o vento forte parecia sussurrar gemidos de amor. Por vezes, o calor emanado dos corpos suados e as respirações ofegantes embaçavam os vidros do carro, tornando o cenário mais romântico.

O beijo era acompanhado de um frio na barriga e a alavanca do câmbio era o cúmplice que dificultava as ações num espaço tão estreito quanto os limites da liberdade que o tribunal da moral interna permitia.

Namorar nos carros ou dançar coladinho nas festas de “luz negra” eram as opções mais disponíveis para aquela juventude de passado.

Recordar é viver novamente.

Ah, ia esquecendo… se meu fusquinha falasse…

*Francisco J. Caminha

Escritor e ex-deputado estadual.

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