“Voo da galinha?” – Por Marcos C. Holanda

Marcos Holanda, economista e ex-presidente do BNB. Foto: Sara Maia.

Com o título “Voo da galinha?”, eis artigo de Marcos C. Holanda, professor da Universidade Federal do Ceará, ex-presidente do Banco do Nordeste e fundador do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE). “A questão relevante, no entanto, é entender o contexto macro geral e perceber que os vários fatores que ajudaram em 2024 não vão estar presentes em 2025. Como sempre, existem o diagnóstico político e o econômico”, expõe o articulista.

Confira:

O forte crescimento do PIB em 2024 é uma boa notícia, mas, infelizmente, será mais um voo de galinha. O próprio governo prevê um crescimento de 2,5%, 60% inferior ao desse ano. Acho que vai ser inferior a 2%.

O forte PIB foi ajudado pelo bom inverno, uma recuperação da indústria de transformação que tinha caído em 2023 e a continuidade do bom desempenho dos serviços e construção civil.

Aqui uma dúvida. As chuvas em 2023 foram de 840mm e em 2024 903mm, um crescimento de 7,5%. Já a produção de grãos e cereais passou de 483 mil toneladas para 523 mil com
crescimento de 8%. De onde veio o crescimento de 25% do setor agro?

A questão relevante, no entanto, é entender o contexto macro geral e perceber que os vários fatores que ajudaram em 2024 não vão estar presentes em 2025. Como sempre existe o diagnostico político e o econômico.

Em 2025, não vamos ter reajuste e expansão do Bolsa Família nem vamos ter Precatórios que injetaram bilhões na economia. Também não teremos eleições que, tradicionalmente, fazem os governos abrirem as torneiras dos gastos públicos. Por fim, a capacidade de gastar dos governos federal, estadual e municipal vai estar muito limitada.

A inflação que no início de 2024 ainda era moderada agora em 2025 mudou de patamar indo para os 6% ao ano corroendo o poder de compra do trabalhador. Na mesma direção, os juros que eram 11,25% estão indo para 15%. Não há economia que resista a um juro real de 8%-9%.

Para completar temos um cenário externo de grandes incertezas que acho vai gerar um câmbio mais desvalorizado.

A história das economias bem sucedidas mostra que PIB bom não é aquele alto, é aquele sustentável.

*Marcos C. Holanda.

Professor da Universidade Federal do Ceará, ex-presidente do Banco do Nordeste e fundador do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE).

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