Com o título “O Guarda e o Coronel”, eis artigo de Ernesto Antunes, adminstrador e consultor de empresas. Ele usa de metáfora para abordar os tempos atuais no Estado.
Confira:
Quando criança, costumava ser indagado sobre o que queria ser quando crescesse, e não hesitava na resposta, afirmando que queria ser um guarda de trânsito. Para alguns, esta resposta era inusitada, pois a maioria das crianças da minha geração pensava em ser jogador de futebol, médico, advogado e até bombeiro. Além de responder à indagação, complementava dizendo que o guarda de trânsito tinha muito poder, pois mandava os veículos pararem e seguirem, fazendo gestos fortes, de modo que todos tinham que seguir suas orientações no caótico trânsito da nossa capital.
Para alguns estudiosos em liderança, isso denotava aspectos de protagonismo e poder, sinalizando que quem admirava a postura desse profissional poderia desenvolver esse traço de perfil profissional. Isso foi tão verdadeiro que adotei e costumo seguir os líderes que têm força, determinação e lições efetivas para minha vida.
Com o passar do tempo, nos deparamos com pessoas que são chamadas de “Coronéis”, denotando ser um novo tipo de líder, principalmente na esfera política. No passado remoto, o famoso
coronel, ou “coroné”, era uma pessoa com forte influência em seu reduto eleitoral, transformando sua força e poder em armas em determinados territórios dominados por eles, inclusive por imposição de seus ideais.
Recentemente, o ex-governador Tasso Jereissati afirmou que o ministro Camilo Santana (Educação) tinha todas as características de ser o “novo coronel do Ceará”, dando a ideia de que “quem pode, obedece quem tem juízo”, característica do velho coronel do sertão nordestino.
Comparando o coronelismo com a liderança, enxergo como diferentes em termos conceituais. O líder, tendo Jesus Cristo como o maior exemplo deles, deixa legados com seus ensinamentos, e seus seguidores seguem seus preceitos e exemplos praticados. Já o coronel, mesmo sendo respeitado, procura agir muito pela imposição, e muitas vezes tem um ciclo curto, até aparecer outro coronel que resolva mudar o curso da história, com traições políticas. Inclusive, alguns de seus seguidores/eleitores não entendem qual o legado a ser deixado ou a ideologia, a não ser a sede pelo poder. Isso pode ter aspectos mais negativos do que positivos, pois a visão do coronel sempre tem um viés político, onde impera apenas a sua visão, não existindo democracia em sua cartilha.
*Ernesto Antunes
Administrador e consultor de empresas.
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Muito Bom!!