Com o título “Coluna De Dom Camilo”, eis mais uma crônica de Totonho Laprovitera, arquiteto, escritor e artista plástico.
Confira:
Nos anos 1970, eu dava o maior valor à leitura da “Coluna de Dom Camilo”, assinada pelo jornalista Pedro Mallmann no jornal Tribuna do Ceará. Mallmann, um católico conservador, transformava o espaço em uma combinação de humor refinado, crítica social e observações extremamente perspicazes.
Criada em 1957 pelo empresário José Afonso Sancho, a Tribuna do Ceará tinha características marcantes. Simpática ao empresariado local, foi o primeiro jornal cearense a adotar a impressão offset, uma tecnologia revolucionária para a época. Apresentava um visual inovador e textos bem elaborados, o que suavizava algumas das linhas editoriais mais incisivas.
Mallmann, com sua escrita espirituosa e afiada, fazia da coluna um dos pontos altos do jornal. Em meio às páginas dedicadas ao “desenvolvimento do Ceará” e às novidades do setor industrial, Dom Camilo parecia piscar para o leitor, como se pedisse calma, pois nem tudo era tão sério quanto parecia.
Naquele tempo, era comum que escritores e jornalistas abordassem questões sociais, políticas e cotidianas com uma perspectiva crítica e criativa. Pedro Mallmann apresentava uma visão afiada e, muitas vezes, poética da sociedade e da cultura local. Foi um período marcado por uma agitada produção de manifestações intelectuais.
Gostaria muito de reler as edições da “Coluna de Dom Camilo”. Os diálogos eram criativos, formidáveis e inspiradores.
Salve, Pedro Mallmann!
*Totonho Laprovítera
Arquiteto, escritor e artista plástico.