Com o título “Caridade”, eis mais um conto da verve de Totonho Laprovitera, arquiteto, escritor e artista plástico.
Confira:
“Pois é próprio do homem bom pôr em prática o bem.” (Aristóteles)”
Caridade é esse gesto bonito de ajudar o próximo com igualdade, generosidade e amor no coraçã o. Aqui na terra, caridade é muito mais do que dar só uma coisa material. É ter a intenção de acolher, apoiar e compartilhar o bom com o bem. A caridade é renunciar a algo seu – pode ser seu tempo, seus recursos ou até sua atenção – para ajudar alguém precisado, sem querer nada em troca. É um ato de pureza a fortalecer a unidade entre a gente.
Comumente, a caridade está relacionada à ideia de construir um mundo mais solidá rio, onde a felicidade e o bem-estar de cada um sã o valorizados. Quando a gente percebe a arte como expressã o de sentimentos e afetos, dá para dizer que a caridade também é uma forma de “arte da solidariedade”. É como um reflexo dessa busca de comunhão para o bem-estar de todo mundo. É a coragem para fazer prevalecer o amor e a união, criando fortes laços entre nós.
Mas, o que leva o necessitado a praticar caridade? As vezes, uma pessoa que vive na dificuldade pode fazer isso porque entende bem sobre passar por perrengues, sentindo irmandade e compaixão por quem também enfrenta desafios. Muitas vezes, essa pessoa vê a caridade como uma maneira de expressar gratidão pelo pouco que tem ou de retribuir as ajudas já recebidas. Esse gesto é um símbolo bonito da capacidade de olhar além das próprias necessidades, reconhecendo a solidariedade como algo maior, a unir todo mundo nessa caminhada da vida. Ela percebe essa ajuda mútua fortalecer os vínculos entre as pessoas e cria uma corrente de afeto e valorização do conforto de todos. Assim, mesmo passando pelas próprias dificuldades, essa pessoa acha na caridade uma forma de contribuir para o bem coletivo, de fazer parte de algo maior. Isso ajuda a enfrentar os desafios com mais esperança e a acreditar na força da união. É uma troca de amor e apoio a beneficiar a todos, mostrando que, mesmo na luta, a solidariedade é um caminho iluminado.
Pois bem. Eu lembro de ter assistido a um filme, onde dois homens, internados e sem esperança, dividiam a mesma enfermaria do hospital. Um deles, já com a visão perdida, pedia para o outro, próximo à janela, para descrever o dia. O homem, cheio de boa vontade, começava a contar cenas lindas e cheias de esperança sobre um dia ensolarado. O cego não sabia que, na verdade, da janela só se via um paredão de tijolos aparentes, sem reboco nenhum. Essa cena mostra como a força das palavras e da imaginação pode trazer luz até nos momentos mais difíceis, realçando a importância da dependência recíproca entre a gente.
Isso é caridade, meu povo.
*Totonho Laprovítera,
Arquiteto, escritor e artista plástico.