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“Perdão”, a crônica

Totonho Laprovítera é arquiteto e escritor. Foto: Reprodução

Com o título “Perdão”, eis uma crônica de Totonho Laprovitera, arquiteto, escritor e artista plástico.

Confira:

“Perdão foi feito pra gente pedir.” (Mário Lago)

“O rancor é um veneno que a gente toma querendo que o outro morra”, escreveu Shakespeare em Hamlet. Para mim, a lição dessa histó ria é: ame, liberte-se e viva plenamente. Como sequela do medo, o ó dio é a completa ausência de amor. Ao nos fecharmos para o amor, experimentamos uma mı́ngua em nossa essência, pois a natureza humana é intrinsecamente amorosa.

Lembro-me das sábias palavras da minha tia Lygia, quando costumava dizer que, em uma briga, quem guardava raiva no coraçã o perdia. Pois é, o verdadeiro prejuı́zo em um conMlito nã o está na dor fı́sica, mas sim na carga emocional negativa de quem a carrega. Portanto, para perdoar, sabemos o quanto é importante compreender os motivos por trás das açõ es da outra pessoa, sem necessariamente concordar com elas. Reconhecer e expressar nossos pró prios sentimentos também é essencial. O perdão pode levar tempo, entã o, é importante sermos gentis e pacientes conosco mesmo durante esse processo.

Assim, essa lição me ensinou a importância de deixar a raiva de lado para preservar nossa paz interior e felicidade.

Pois bem. Era uma vez um reino onde a paz imperava entre os viventes da mata cerrada do Maciço de Baturité. Certo dia, um pássaro encarnado, de nome Guaramiranga, discutiu feio com sua amiga borboleta e Micou tã o magoado, chega voou para bem longe, deixando-a triste e arrependida.

Passaram-se os dias, e Guaramiranga continuava ressentido. De um lado para o outro, voava solitário, remoendo a emboança e o desgosto que pesava em seu coração. Até que um dia topou com uma centenária Gameleira em seu caminho que, sabiamente, disse-lhe: “Carregar mágoa é como carregar uma pedra em suas asas. Preso ao passado, você não pode voar livremente. Perdoar é libertar-se.”

Guaramiranga matutou sobre as palavras da velha á rvore e decidiu perdoar a borboleta. Voltou à mata e achou sua amiga. Emocionada, ela pediu desculpas e explicou que nã o queria magoá-lo. Ele, com o coraçã o leve, aceitou suas desculpas e os dois se abraçaram.

Desde então, o pequeno pássaro encarnado e a borboleta enxergaram no perdão um ato de libertação. Eles viveram em paz, voando juntos e compartilhando a beleza da verdadeira amizade. E assim, o reino dos bichos continuou a florescer, lembrando a todos que o perdão é a chave para a harmonia e a felicidade.

No mais, a quem interessar possa, em tupi, “Guaramiranga” significa Pássaro
Vermelho. É, também, o menor municı́pio do Estado do Ceará.

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