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“Rimar amor com dor”

Ainda que não mais seja
Tuty Osório é jornalista e escritora

“Somos um só neste momento difícil, como sublime. Nós, os habitantes do espaço real, virtual, transcendental, dela, estamos de mãos dadas”, aponta a jornalista e publicitária Tuty Osório. Confira:

Eu vou te dar a decisão. Te botei na balança e você não pesou. Te botei na peneira e você não passou. Mora, na filosofia“.

Desde a primeira vez que ouvi este início de verso, na voz de Caetano, fiquei assim, num torpor de primeiro trago. Letícia Colin gravou para a mini série Onde está meu coração, num arrastado tom que me faz chorar.

Curiosamente, recordo essa canção por causa de uma amiga que queria muito encontrar agora. Pegar o avião e ir. Uma amiga que pesa por me acolher em seu jardim. Que jamais precisará de peneira na minha rota. Ela é amiga. Sendo que esse assunto de amizade é muito sagrado.

A rima é porque sofro por sabê-la sofrendo. Sei bem onde está o meu coração. Está junto aos que a amam também. Somos um só neste momento difícil, como sublime. Nós, os habitantes do espaço real, virtual, transcendental, dela, estamos de mãos dadas.

A gente costuma saber o tanto que gosta de uma pessoa. Ou achar que sabe. Quando a pessoa adoece, sente dor, está em risco, é possível que a gente descubra que gosta mais, ainda, do que supunha gostar.

Gostar neste sentido suscita o compartilhar de tudo o que importa. Por tratar-se de uma pessoa que se importa com o mundo de seus afetos. Que faz de qualquer presença a amorosidade e a alegria. Pessoa que faz festa pela festa, seja qual for o pretexto. O motivo maior é viver.

A casa é itinerante quando temos várias, a nos abrigar. A amiga é uma das guardiãs de meus pousos. É sobre isto a amizade. Sobre abraços, falas, escutas, gargalhadas, lágrimas, desesperos, equilíbrios. Futilidades, essencialidades, pesos, medidas, compartilhamentos.

Sobretudo sobre bem querer.

Não, não é a gratidão que decide. É a dor e a delícia de estar ao lado. Carregar bandeira pra mim e pra ti. Pra nós.

Tuty Osório é jornalista, publicitária, especialista em pesquisa qualitativa e escritora. Lançou em 2022, QUANDO FEVEREIRO CHEGOU (contos); em 2023, MEMÓRIAS SENTIMENTAIS DE MARIA AGUDA (10 crônicas, um conto e um ponto) e SÔNIA VALÉRIA A CABULOSA (quadrinhos com desenhos de Manu Coelho); todos em ebook, disponíveis, em breve, na PLATAFORMA FORA DE SÉRIE PERCURSOS CULTURAIS

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