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“A Felicidade é uma escola”

Totonho Laprovítera, escritor, arquiteto e artista plástico. Foto: JN

Com o título “A felicidade é uma escolha”, eis mais um conto de Totonho Laprovítera, arquiteto, escritor e artista plástico.

“Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.”
(Carlos Drummond de Andrade)

Maria Maranhão vivia para sustentar filhos, netos, parentes e aderentes. Magra, andava muito e comia somente o necessário. Alegre, rodava todos os dias a Aldeota, visitando seus habituais caridosos, os quais, em troca do agrado, ganhavam o exemplo da alegria de viver. Porém, Maria nã o admitia dinheiro como retribuiçã o de suas graças.

Varria calçadas, juntava folhas, era benzedeira, cantava e dançava muito bem, e sabia improvisar como ninguém. Toda sexta-feira, era certo ela dar uma surra de pinhã o-roxo na nossa casa toda. Uma vez, passando por lá , meu pai pediu para ela cantar, e o Gera, meu irmã o, a gravou. Na época, gravador de rolo era grande novidade. Quando Maria se ouviu cantando “Bloco de Sujo”, abismada e às lágrimas, perguntou: “Lá se vai, já saiu foi na rádia, foi?!”

Parece que eu estou é vendo: “Olha o bloco de sujo, que nã o tem fantasia, mas que traz alegria para o povo sambar. Olha o bloco de sujo, vai batendo na lata, alegria barata, Carnaval é pular. Plac, plac, plac, bate a lata. Plac, plac, plac, bate a lata, Plac, plac, plac, se nã o tem tamborim. Plac, plac, plac, bate a lata. Plac, plac, plac, bate a lata. Plac, plac, plac, Carnaval é assim…” Maria Maranhã o sabia escolher sua
felicidade.

Falando nisso, a vida lateja em cada canto da cidade. É como se as ruas e as casas simples guardassem segredos de felicidade. Enquanto caminho pelas calçadas, sinto a calma no ar. Sento-me em um banco da praça e vejo a vida seguir seu curso. Espio as pessoas passarem e observo que cada uma tem sua história, seus sonhos e suas dores. No entanto, o que mais me chama a atenção é a forma como algumas delas irradiam felicidade, mesmo diante das dificuldades.

Aí me dou conta de que a felicidade não é um destino a ser alcançado, mas sim uma escolha a ser feita a cada dia. Sorridentes, as pessoas simples entendem isso. Mesmo com suas limitações e desafios, escolhem enxergar o lado bom da vida, valorizando cada pequeno momento de alegria. Ao observar essas cenas, percebo a presença da felicidade ao alcance de todos, bastando olhar com os olhos do coração e escolher ser feliz, mesmo nas pequenas coisas. E é assim, nesse instante, que decido fazer da felicidade a minha companheira, escolhendo sempre ver o lado positivo da vida, como as pessoas simples e sábias que andam em meu caminho.

*Totonho Laprovítera

Arquiteto, escritor e artista plástico.

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