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“A redescoberta da fome”

Paulo Elpídio de Menezes Neto é cientista político, professor e escritor, além de ex-reitor da UFC.

“Lula da Silva acordou nas beiradas do Cairo, com uma bagagem inusitada de novas ideias”, aponta em artigo o cientista político Paulo Elpídio de Menezes Neto. Confira:

A fome como objeto social foi descoberta por um brasileiro, Josué de Castro. Da sua lavra a GEOGRAFIA DA FOME. O livro vendeu muito, Josué amealhou direitos autorais bem-vindos e chegou a flertar com o Nobel da Paz, embora sem sucesso. Fez-se de esquerda e transformou-se no símbolo visível da fome, mundo afora.

Para os que não sabem do que estamos a falar,fome é aquela coceirinha que dá nas entranhas de quem não tem o hábito de comer, vício compartilhado por milhões de criaturas desavisadas que fecham à boca para os “chefs-gourmets”…

Pois bem, nesta quarta-feira de carnaval, “de cinzas”, para muitos foliões arrependidos, o presidente Lula da Silva acordou nas beiradas do Cairo, com uma bagagem inusitada de novas ideias a deixar pelos vales da Mesopotâmia, lá onde nasceu a nossa deplorável civilização ocidental.

Lula da Silva redescobrira, com ajuda de alguns “influencers” próximos — a fome midiática. Quer dizer, a fome na sua feição mais significativa e sugestiva, aquela construída pelas empresas bem alimentadas de intenções e fome por anunciantes. E decidiu-se mostrar o que fazer e como para acabar com a fome, desafio trivial para quem em luta heroica extinguira a pobreza no Brasil. Há hábitos que se destroem pela boca. A fome parece ser um deles, e o mais persistente.

Um humorista cearense consagrado tinha uma visão política peculiar da fome e fez ouvir os seus argumentos com prodigioso “sense of humour” pela Globo. Dizia que a fome (naqueles tempos em que os burgueses liberais ainda não haviam sido erradicados no Brasil) era um desvio perverso da esquerda. A fome não passava, no Brasil, de um recurso malicioso para “sacanear o governo” e desmerecer os governantes diante do povo.

Com sorte, que ao nosso presidente sorte não lhe falta (deu-se, enquanto pulávamos as jaculatórias de Ivete Sangalo, o recrudescimentos do acerto de contas na Faixa de Gaza) chegou a tempo de reiterar o seu oferecimento ignorado por gregos e troianos, isto é, por árabes e judeus, para acabar com a guerra contra o Hamas. Se a Pútin ocorresse aquiescer não custaria pôr fim à guerra da Ucrânia ou, mais acertadamente, pôr fim à Ucrânia, como sugerem alguns dos seus conselheiros-raiz. Afinal, a Ucrânia, na visão geopolítica de Pútin, nao passa de uma invenção ocidental-capitalista…

O mundo parou ao simples recolhimento das baterias do sambódromo, diante do vigor diplomático e militar do Brasil. Finalmente, um país que, embora produza e exporte armas ligeiras, aceita reduzir o poder de fogo da sua clientela… Um paradoxo dos muitos e quantos compõem a lógica e a estratégia de guerra dos novos senhores da guerra e da paz a quem entregamos a nossa sorte. Por gosto ou omissão.

Paulo Elpídio de Menezes Neto é cientista político, professor, escritor e ex-reitor da UFC

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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