Com o título “Ano Novo”, eis mais uma crõnica de Francisco Caminha, escritor e ex-deputado estadual. Nada de planejar, até porque as melhores coisas, vez em quando, são surpreendentes.
Confira:
Sabe amigos, parei de fazer planos para o ano novo. Observei que as melhores coisas que me aconteceram ao longo da vida e a cada ano não foram as planejadas, mas aquelas que vieram pelas coincidências sem causas motivadas, acrescidas do meu entusiasmo e pelo meu senso de oportunidade que cada nascer do sol nos ofereceu.
Avisei ao meu cruel cobrador interior que ele está demitido. Che- ga de estresse por metas e resultados, já que em nenhum ano consegui cumprir o que prometi a mim mesmo. Não emagreci, não ganhei na mega sena e não fui disciplinado, não fiz academia todos os dias e tive ansiedade e vãs preocupações.
Estou aberto ao amanhã que me for reservado. Que o dia de hoje e o seguinte me traga os melhores presentes. Vou agora viver espontaneamente na certeza de que o melhor está por vir. Se eu decidir hoje meu amanhã, posso tolher as possibilidades que o futuro tem para mim. Quando decido mal, aborto o plano divino.
Será que aqueles e excessos de projetos pessoais que fazia todo ano estragaram meu futuro?
Isso não significa que não vou produzir; pelo contrário, serei um excelso “fazedor” não “fazendo” e deixando o universo agir, sem minha precipitada incontinente necessidade de ação. Serei um observador vigilante das oportunidades que surgirão e embarcarei nelas confiando na espiritualidade que me guia.
Será que consigo?
Não sei e não me interessa saber. Na linha da vida tenho mais passado acumulado do que futuro. Quero agora saborear cada momento como presente da existência, até porque meu corpo já registra as cicatrizes da idade e não tenho mais poluções noturnas juvenis.
Agora me alegra e me compraz e ver o mundo tal como ele é, sem as fantasias da religião e nem ideologia política.
Faço agora como minha mãe me recomendava: – saboreie o mundo interior e expresse sua essência sem se preocupar com julgamentos.
E siga a dica desse velho marinheiro: transa a adiada é transa perdida. A de hoje não será a de amanhã.
Viva o presente minimizando os riscos.
FELIZ 2024!
*Francisco Caminha,
Escritor e ex-deputado estadual.