Com o título “Arquitetura, Inovação e Mercado Imobiliário”, eis mais um conto da lavra de Totonho Laprovítera, arquiteto, escritor e artista plástico.
“O tempo é o maior inovador.” (Francis Bacon)
Certa vez, ao passear pelas ruas da cidade grande e provando os prazeres da “Grande Maçã”, transitei entre prédios antigos e construções contemporâneas, observando aspectos marcantes do desenvolvimento arquitetônico. Em particular, destacou-se a inquietação entre inovação e as demandas do mercado imobiliário.
Pois bem. No dinâmico mercado imobiliário, a arquitetura se adapta às transformações sociais e tecnológicas que desenham as preferências dos consumidores. A história dos edifícios é um exemplo de como a inovação redefine padrões de valorização.
No passado, o pavimento térreo e os primeiros andares eram os mais desejados, reflexo do desconforto e das limitações que as escadas representavam. Com a chegada do elevador, esse padrão se inverteu e os andares mais altos passaram a ser os preferidos, graças à privacidade, às vistas privilegiadas e ao alheamento do barulho das ruas.
Essa evolução ilustra como o avanço tecnológico melhora a funcionalidade das construções, a projetar os desejos e expectativas dos usuários. Hoje, a tecnologia continua a tocar o mercado, com a integração de sistemas inteligentes, automação e soluções sustentáveis, que estão se tornando diferenciais altamente valorizados.
Estar à frente dessas mudanças é fundamental para arquitetos e incorporadores. O desafio é atender às demandas atuais, e antecipar tendências, projetando espaços que juntem inovação, conforto e sustentabilidade, criando assim valor para os investidores e moradores. Afinal, o mercado imobiliário bem-sucedido é aquele que acompanha e lidera a evolução.
Assim, inovar é necessário, mas a inovação na arquitetura precisa ir além dos interesses imediatos do mercado imobiliário e a superficialidade estética. Deve ser um gesto consciente, que integre funcionalidade, sustentabilidade e respeito à identidade cultural. A verdadeira inovação rompe com a banalidade, valoriza o espaço público e estreita a relação entre o legado do passado e as possibilidades do futuro.
*Totonho Laprovitera,
Aquiteto e urbanista.