Com o título “Assassinatos de Reputação”, eis artigo de João Arruda, professor aposentado da UFC e sociólogo.
Confira:
Nos dois últimos anos os brasileiros vêm presenciando, com um misto sentimento de indignação, perplexidade e impotência, um momento lamentável da nossa história. Estamos testemunhando um período marcado pela prevalência da mentira, da intolerância, do cinismo e de falsas acusações, onde a verdade tornou-se uma vítima silenciosa das estratégias manipulativas do judiciário, do consórcio midiático e da esquerda reacionária e oportunista, todos a serviço dos interesses do establishment nacional e internacional.
Assistimos, envergonhados, um sistema pondo em prática o princípio cínico, calculista e pragmático de Nicolau Maquiavel, que afirma que os fins justificam os meios. Seguindo essa lógica, os senhores do poder arquitetam, de forma minuciosa e perversa, a destruição da reputação dos seus arqui-inimigos, limpando o terreno de possíveis opositores que têm a petulância de questionar ou se opor a perpetuação da mamata e da corrupção. Embalados e legitimados por essa ética maquiavélica, eles arquitetam narrativas mentirosas e artimanhas nazifascistas para a consecução dos seus objetivos.
O STF, o outrora guardião da Constituição Brasileira, vem assumindo uma postura vergonhosa com o seu assumido ativismo político. Esse “inquérito do fim do mundo”, como bem adjetivou o ex-ministro Marco Aurélio, é considerado uma aberração jurídica por centenas de renomados constitucionalistas brasileiros, entre eles o reconhecido Ives Gandra Martins, João Pedro Pádua, Emílio Peluso e o ex-presidente Michel Temer. Segundo a compreensão da quase totalidade dos constitucionalistas brasileiros, o Ministro Alexandre de Moraes, na condição de possível vítima, está impedido legal e moralmente de investigar, de acusar e de julgar. Emílio Peludo vai mais além, questionando se no curso das investigações “do inquérito do fim do mundo”, onde boa parte tramita em sigilo, se de fato há conexão em todos os inquéritos que justifiquem a sua manutenção nas mãos de Moraes.
Conivente até então com as arbitrariedades do Alexandre de Moraes, a OAB, agredida agora em seus direitos, passou a reagir. Na semana passada, o presidente da OAB-Mg, Sérgio Rodrigues Leonardo, foi taxativo quando disse “que o ministro Alexandre de Moraes age sem respaldo legal, de forma arbitrária e autoritária”. Beto Simonetti, presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), por sua vez, reagiu contra a decisão de Alexandre de Moraes que proibia contato entre os advogados dos acusados, afirmando que “ela viola as prerrogativas da advocacia, agredindo o estado de direito e o livre desempenho da advocacia”. Por esses e outros motivos, esses juristas afirmam, de forma quase uníssonos, que Alexandre de Moraes está afrontando o nosso Estado de Direito e o nosso ordenamento jurídico, comprometendo mortalmente os alicerces da nossa frágil democracia.
Em conexão harmoniosa com as arbitrárias decisões do ministro Alexandre de Moraes, o consórcio midiático e a esquerda reacionária, esclerosada e entreguista se encarregam da disseminação das fakes news e da elaboração refinada de falsas narrativas, contribuindo com a desinformação e obscurecendo a fronteira entre os fatos verdadeiros e as ficções mentirosas. Nesse processo, todo esforço é válido nas distorções dos fatos e no assassinato da reputação dos inimigos políticos.
Nesse universo kafkiano, não há espaço para dúvida, pois a realidade jurídico-política brasileira prevalente é muito clara: os inimigos – Jair Bolsonaro e seus correligionários – devem ser destruídos, pois o establishment nacional não pode tolerar a presença de um mandatário outsider e antiglobalista. Para o sistema, é inadmissível a presença de um governo liderado por um presidente dessintonizado com os interesses dos grupos historicamente privilegiados do nosso país e que, para piorar o quadro, divirja das orientações geopolíticas dos seus patrões globalistas. Para os que detém a hegemonia e usufruem das benécias do velho e carcomido sistema, é inadmissível que o poder político nacional possa estar nas mãos de alguém que ponha em risco a perpetuação do status quo nacional.
O roteiro de perseguição e destruição da reputação do ex-presidente Bolsonaro e seus correligionários já foi finalizado. Só não sei se o sistema vai conseguir. Eliane Catanhede, uma das suas principais porta-vozes, descreve, de forma pormenorizada, a estratégia do sistema para prender e destruir politicamente o ex-presidente. Em sua participação noturna no programa “noticioso” da Globo News, no mesmo dia em que a P. F., por ordem do Alexandre de Moraes, fez busca e apreensão na casa de praia do ex-presidente, ela explicitou com detalhe a montagem desse roteiro:
“Todos os caminhos nos levam à Roma. Nesse caso, todos os caminhos estão levando Bolsonaro para a prisão. E ai, vocês têm o que? A polícia só apreende o passaporte por que? Primeiro, porque o Bolsonaro pode fugir do país; segundo, porque a polícia não quer que ele fuja, porque a polícia trabalha com a hipótese da prisão, né? Agora, atenção, né? Hoje eu conversei também com as fontes da área jurídica, né? E tem o seguinte: não está prevista prisão preventiva nem prisão temporária de Jair Bolsonaro, como foi, por exemplo, do ex-ministro da Justiça, o Anderson Torre, nem em relação ao tenente-coronel da ativa Mauro Cid. No caso do Bolsonaro, a expectativa é a de que cumpram-se (sic) todos os trâmites, toda a investigação, colham-se todas as provas e depois de denúncia, julgamento e condenação, ai sim, Bolsonaro preso. Mas por que isso? Há todo um cuidado para não deixar nenhum fiapo de dúvida sobre as provas, nenhum fiapo de dúvida sobre a ação de justiça e do Alexandre de Moraes, particularmente. E terceiro, Marcelo, para que a sociedade brasileira vá digerindo a ideia de que Bolsonaro precisa ser preso. E por que? Bolsonaro, apesar de tudo isso, ele é popular, e ele perdeu as eleições de 2022 por uma diferença muito pequena. Então, toda essa cronologia tem um fator policial, um fator jurídico e um fator político para que a sociedade entenda, compreenda e assimile a ideia da prisão do Bolsonaro. Tudo caminha para isso!”
Mas parece que as estratégias difamatórias contra o ex-presidente e seus correligionários estão flopando, dando com os burros nágua. A sociedade brasileira não está conseguindo digerir, como queria a porta-voz do sistema, essas narrativas infantis e mentirosas. A versão golpista é um relato natimorto que não está conseguindo convencer os brasileiros, apesar das tentativas e empenhos dos adversários. Vejamos os fatos. Segundo o Instituto Paraná Pesquisa revelou no início de janeiro desse ano, apenas 18% dos brasileiros disseram acreditar que houve tentativa de golpe. Para desespero do sistema, próprio ministro de Defesa do Lula, José Múcio, quando perguntado sobre o golpe de 08 de janeiro, foi categórico: “Não houve tentativa de golpe em 08 de janeiro”. A CPMI do 8 de janeiro também comprovou, pelos depoimentos de várias autoridades, que 08 de janeiro foi uma invenção insidiosa do governo Lula para incriminar os adversários. Mais recentemente, para o desespero do sistema, foi a vez da Agência Brasileira de Informação -Abin- divulgar relatório responsabilizando o governo Lula pela articulação do 8 de Janeiro. Segundo Alessandro Moretti, então diretor adjunto do órgão, os atentados às sedes dos três poderes teriam sido articulados pelo Flávio Dino, ministro da justiça, e pelo chefe do GSI, Gonçalves Dias, com a conivência do presidente Lula. Enquanto as evidências da fraude golpista avança, o STF, aprofunda a sua sanha persecutória, condenando centenas de brasileiros inocentes.
Urge, pois, a necessidade da sociedade brasileira enfrentar a cultura de desinformação e da prevalência do arbítrio. Faz-se necessária uma reavaliação profunda dos modus operandi que vem norteando os perigosos rumos da nossa contemporaneidade. Urge, pois, uma ação coletiva para neutralizar as obscuras ações nefastas que tecem às sombras para esconder a realidade palpável que insistem em mascará-la.
O dia 25 de fevereiro, pelas dimensões que vêm assumindo a conclamação do ex-presidente Bolsonaro, poderá ser o ponto de inflexão dessa trama vergonhosa que entorpece as mentes e corações da quase totalidade dos brasileiros.
*João Arruda,
Professor aposentado da UFC e sociólogo.
Respostas de 2
Muito boa reflexão!!! Precisamos estar de olhos abertos, Alexandre de Moraes é um palhaço!!!
Excelente!