Com o título “Brasil pode dar exemplo ao mundo de contraponto ao extremismo”, eis a coluna “Fora das 4 Linhas”, assinada pelo jornalista Luiz Henrique Campos. Ele aborda o julgamento dos envolvidos na trama golpista.
Confira:
O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia amanhã o julgamento do ‘núcleo crucial’, segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), de tentativa de golpe contra o estado brasileiro, com os olhos do mundo voltados ao país com bastante interesse. Hoje mesmo, reportagem do Washington Post afirma que o julgamento de Jair Bolsonaro será um momento em que o país vai confrontar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o passado autoritário do próprio Brasil.
Segundo ainda a publicação, o julgamento “marca uma reviravolta significativa” no Brasil, já que o país “tradicionalmente escolhe a conciliação em vez da acusação quando se trata de supostos crimes contra o Estado democrático”. Na reportagem, o veículo norte-americano lembra que “o Brasil sofreu 14 tentativas de golpe em sua história, metade delas bem-sucedidas. A maioria envolveu militares, começando em 1889, quando oficiais armados depuseram o último monarca brasileiro, um vestígio do domínio colonial português”.
Na semana passada foi a vez da revista britânica The Economist destacar em reportagem de capa o julgamento sob o título ‘Brasil oferece aos EUA lição de maturidade’, ressaltando que o julgamento de Bolsonaro também “é o ápice de uma saga extraordinária que polarizou ainda mais o Brasil, testou a determinação do seu Judiciário e abriu um abismo cada vez maior com os EUA.”
Outros veículos internacionais também vêm dando destaque ao julgamento, como foi o caso sexta-feira (29/8), do New York Times, afirmando que “durante o período em que Bolsonaro liderou o país, de 2019 a 2022, o presidente e seus apoiadores ameaçaram juízes, questionaram eleições, sugeriram um golpe militar e desencadearam uma onda de notícias falsas.
O Washington Post vai além e lembra o período ditatorial vivido pelo país, reportando-se ao regime militar que começou em 1964, e destacando que “o resultado foi repressão generalizada e vigilância governamental descontrolada”, onde “centenas de pessoas foram mortas e muitas outras foram ‘sistematicamente’ torturadas ou presas, de cordo com a Comissão Nacional da Verdade, criada em 2012 para investigar abusos de direitos humanos cometidos pelo regime”.
É importante esse olhar internacional, pois se mostra isento, diante, muitas vezes, da distorção dos fatos que grupos internos aparelhados tecnologicamente, tentam fazer para minimizar o que aconteceu no nosso país em momento recente da história. Além disso, esse pode ser um momento importante, pois como o próprio Washington Post ressaltou, “ao contrário do Chile ou da Argentina – que também sofreram com regimes militares e posteriormente moveram ações contra os responsáveis – o Brasil aprovou uma lei de anistia que tornou processos semelhantes praticamente impossíveis.”