Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

“‘Cangaceiros’ da historiografia na cidade de Jardim”

Barros Alves é jornalista e poeta

“Neste exercício de valorização da nossa cultura, não se olvide, sob pena de vera injustiça, o nome do médico Aniziário Costa, prefeito de Jardim, que não apenas proporcionou meios para a realização do evento, mas participou ativamente das palestras, tanto quanto lhe permitiram os compromissos prefeitorais inerentes ao cargo que exerce”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves. Confira:

No final de semana passado estive participando de Encontro promovido pelo Instituto CARIRI CANGAÇO, em Jardim, simpática e acolhedora cidade, pequena esmeralda urbana incrustada na verdejante Chapada do Araripe e que compõe a próspera e agradabilíssima Região Metropolitana do Cariri, a cada dia a sentir com mais intensidade os eflúvios do desenvolvimento sócio-econômico e cultural, sob as bençãos do Padre Cícero Romão Batista, nosso Padim Ciço, santo povo.

Fui ao Encontro do Cariri Cangaço levado a tiracolo por um dos mais importantes pesquisadores nessa área de estudos, o historiador Ângelo Osmiro, que juntamente com Renan Lobo Guerra e Tomás Cysne formamos um quarteto de “cangaceiros” a cavalgar expectativas em relação às conferências que sempre são proferidas nesses encontros. Neste 2024 o Cariri Cangaço completa 15 anos de um profícuo trabalho cultural liderado pelo “cangaceiro-mor” Manuel Severo Barbosa, uma personalidade que tem-se dedicado com afinco a buscar contribuições epistemológicas para o conhecimento da formação social dos sertões nordestinos, onde em determinada quadra do século passado o poder era exercido a ferro e fogo. Esse ambiente hostil foi campo fértil para o florescimento do fenômeno do Cangaço, quando homens destemidos, por motivos diversos, tornaram-se fascínoras nômades a palmilhar as caatingas e a cometer toda sorte de crimes, sem que lhes alcançasse o braço frágil e não poucas vezes corrupto da Polícia e da Lei.

O Encontro do Cariri Cangaço realizado em Jardim, teve a diligente curadoria de dois jovens criativos e empreendedores: o editor e livreiro Adriano Carvalho, figura multifacetada de empresário do livro e estudioso do tema em foco; e João Paulo Souza, artista plástico de talento, cuja inspiração o conduz para expressar com maestria, em sua arte pictórica, a terra e o povo sertanejos, seus costumes e vivência.

Neste exercício de valorização da nossa cultura, não se olvide, sob pena de vera injustiça, o nome do médico Aniziário Costa, prefeito de Jardim, que não apenas proporcionou meios para a realização do evento, mas participou ativamente das palestras, tanto quanto lhe permitiram os compromissos prefeitorais inerentes ao cargo que exerce.

Os que comparecemos ao Encontro de Jardim, tivemos oportunidade de ouvir explanações e histórias sobre aspectos variados do Cangaço nos tempos em que Lampião, senhor das caatingas. Consciente do poder que detinha com seu bando e suas armas, Lampião não se contentou com o título de capitão dos Batalhões Patrióticos que lhe fora concedido de través. Ele era de fato como se autointulou, o governador dos sertões. Exercia poder e disseminava o terror com a ponta do punhal e o fogo do fuzil que manejou com misteriosa desenvoltura durante mais de vinte anos.

Coronelismo, cangaceirismo, religiosidade popular e temas afins foram objeto das palestras proferidas por Donatila Coutinho, Adriano Carvalho, Renato Dantas, Leandro Cardoso, Vilson da Piçarra, Ângelo Osmiro Barreto, Roberto Júnior, Luiz Bento, Luiz Ferraz Filho, Valdir Nogueira, João Bosco André, Cristina Couto.

Destaco, por pertinente, em razão de terem proferido palestras cujos assuntos estão contidos em livros lançados durante o evento, o historiador Heitor Feitosa, ex-presidente do Instituto Cultural do Cariri, o qual deu à lume obra relevante para o resgate de um nome exponencial na história do Ceará, o monarquista Joaquim Pinto Madeira. Essa biografia intitulada “O Amigo do Rei: Julgamento e Assassinato de Joaquim Pinto Madeira”, enriquece sobremaneira a historiografia cearense. De igual modo, o pesquisador Bruno Yacub e o historiador Herlon Fernandes apresentaram livro no qual registram um fato histórico em linguagem ficcional, quando romanceiam o famoso “Fogo das Guaribas”, tiroteio desatinado no qual foi assassinado o Coronel Chico Chicote, vítima de vil trama arquitetada pelo tenente José Gonçalves Bezerra. A obra criativa, de fácil e agradável leitura intitula-se “Paiol de Pólvora – O Consórcio da Morte”.

Não esquecer que esses Seminários são momentos de intercâmbio cultural, de reencontros e de se encetar novas amizades. Daí é que folguei em rever o Valdir Nogueira, o livreiro Professor Pereira, também advogado; e conhecer bibliófilos curiosos sobre esse tão encantador quanto polêmico tema do Cangaço, tais como o jovem e bem humorado Zé Francisco, o médico veterinário e inveterado leitor Chico Luiz, o médico, advogado e professor Misael Fernandes, entre tantos outros.

Barros Alves é jornalista e poeta

COMPARTILHE:
Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
Email

Uma resposta

  1. Gostei da matéria do Cangaceiro. Todas as matérias publicadas nesse blog, são de suma importância, muito boas e bem elaboradas.

Mais Notícias