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“Coragem negra”

Flamínio Araripe é jornalista

Com o título “Coragem negra”, eis uma colaboração do jornalista Flamínio Araripe para fomentar reflexões sobre o racismo.

Confira:

Peça de teatro denuncia mitos do branqueamento e da democracia racial na sociedade brasileira.

Já iniciou ensaios no Teatro Carlos Câmara, de Fortaleza, o espetáculo “Igboyà – Coragem Preta”, que denuncia o racismo estrutural ao longo da história do Brasil. A linguagem do teatro dramatiza a desfaçatez das teses racistas de branqueamento da população nacional pregada na Velha República do Marechal Deodoro, reeditada no Estado Novo de Getúlio Vargas e que ressurgiu como democracia racial na versão da ditadura militar.

A peça é uma adaptação do livro “Medos e Dores – A Coragem de Ser Negro”, de Jansen Viana, realizada por Júlio Maciel, também diretor. A estreia está prevista para o início do segundo semestre. Artista plástico multimídia, com atuação no rádio e vídeo, o teatrólogo vê nos dias de hoje a necessidade de uma afirmação política, por entender que o racismo e o fascismo no Brasil precisam ser enfrentados.

“Os únicos que não são racistas
São os que lutam
Contra o racismo”.

É o que diz o livro do poeta Jansen Viana, que acrescenta:

“Negro é invisível
Como se não houvesse dia
De direitos
De consciência
Resistência!
Não queremos supremacia
De ninguém
De nada”.

Mais uma catucada:

“Assim é o
Racismo estrutural
Institucional
Que produz
A perda da história
E quer fazer do negro
Um ser
Sem passado, sem futuro
Sem identidade
Sem sentido
Sem ser
Alguém.
***
No que disse Mandela
Ninguém nasce racista
O ódio é ensinado
Cultivado
Aculturado
Estruturado
***
Dizem que nos deram
Liberdade
Mas liberdade
Sem igualdade
De oportunidades
É prisão
Condenação

Um vida dedicada a lutar contra o fascismo

O escritor Primo Levi, um dos 20 judeus sobreviventes entre mil italianos levados em fevereiro de 1944 num comboio de trem para o campo de extermínio em Auschwitz, dedicou sua vida a denunciar o fascismo com o vigor de uma existência de luta. Como fazem Jansen Viana e Júlio Maciel contra o racismo – e incluem o fascismo, seu irmão gêmeo.

“O fascismo é um câncer que prolifera rapidamente, e seu retorno nos ameaça. É pedir demais que nos oponhamos a ele desde o início?”, questiona Primo Levi. Segundo ele, “o fascismo havia sido eficiente: não conseguira conquistar as consciências, mas conseguira adormecê-las. Vangloriara-se de penetrar profundamente nos costumes, mas, na verdade, promovera um gravíssimo relaxamento, uma suspensão íntima e geral do juízo moral”.

O escritor italiano, libertado pelos russos em janeiro de 1945, observa que, “na Itália, antes de outros lugares, ao lado do fascismo nasceu uma corrente oposta jamais interrompida: o antifascismo”. É importante o testemunho de todos os que combateram. “Mas é preciso contar: é um dever para com os companheiros que não voltaram e é uma tarefa que confere um sentido à nossa sobrevivência”.

Primo Levi sustenta que “o fascismo, assim como o campo de concentração, devia ser considerado uma ofensa dirigida contra todos os homens —, não porque pensasse que havia alguma razão para minimizar a centralidade dos judeus no extermínio então, mas porque manifestara desde sempre uma aguda sensibilidade naquela direção, como prova a última palavra do título É isto um homem?”.

Levi constata que “num regime fascista torna-se necessária a violência ou a fraude. A violência, para eliminar os opositores, que sempre existem; a fraude, para confirmar aos fiéis seguidores que o exercício da arbitrariedade é louvável e legítimo, e para convencer os dominados (dentro dos limites bastante amplos da credulidade humana) que seu sacrifício não é um sacrifício, ou que é essencial para algum propósito indefinido e transcendente”.

“Do fascismo nasce um delírio que se alastrará, o culto do homem enviado, o entusiasmo organizado e imposto, todas as decisões confiadas ao arbítrio de um só”.

Acrescenta Ítalo Calvino ao definir a origem de sua militância: “Antes da guerra, mais do que de uma bagagem de idéias, posso falar de um condicionamento — familiar, geográfico, social e até psicológico — que me levava por via espontânea a compartilhar opiniões antifascistas, antinazistas, antifranquistas, antibelicistas e anti-racistas. Esse condicionamento e essas opiniões não teriam bastado, em si, para fazer com que me engajasse na luta política. Entre um julgamento negativo do fascismo e um engajamento ativo antifascista, havia uma distância que talvez hoje não consigamos mais avaliar”.

*Flamínio Araripe

Jornalista.

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