Espinhela caída, cobreiro, engasgo, quebranto e campainha torta. Estas são algumas das queixas para as quais rezadeiras e benzedeiras espalhadas pelo Ceará são comumente acionadas. Seja de nascença ou aprendido com alguma mestra, a prática é considerada um dom divino entre a população que, munida de grande fé, encontra alento na ação de mulheres e homens que mantém a tradição no Estado.
As vivências, memórias e lições dessas pessoas são retratadas no documentário cearense “Memórias de Fé na Terra da Luz”. Realizada pela Argumento Produções, a película tem a distribuição garantida por meio da Lei Paulo Gustavo, através do Edital de apoio ao Audiovisual Cearense – Difusão, Formação e Pesquisa.
O filme traz ainda o depoimento de cidadãos de fé, que não dispensam as orientações das rezadeiras, ainda que estejam em tratamento com a Medicina convencional. E vai além, explorando a confluência entre o trabalho do Estado e municípios na assistência em saúde e a prática das rezadeiras e benzedeiras nas comunidades.
Maria Alves (Meruoca), Marta Liara (Sobral), Mestra Francisca Félix (Alto Santo), José Ferreira, o Jacinto (Massapê), Alice da Silva (Maranguape), Maria Helena (Juazeiro do Norte), Francisco Evandinho, o Duca (Quixadá) e Alisabeth Felix, a Beta (Canindé) são os personagens de “Memórias de Fé”, que tem roteiro e direção de Augusto Cesar dos Santos e produção executiva de Raylane Neres.
O documentário, contemplado pelo Edital de Cinema e Vídeo 2018, da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult), teve exibições em Meruoca, Alcântaras, Massapê e Quixadá, em agosto passado, e seguirá percorrendo cidades do interior em novembro. Além disso, está sendo inscrito em festivais. “O nosso objetivo é levar essas histórias de talento e altruísmo, que valorizam e perpetuam a ancestralidade e a cultura tradicional para as populações locais”, enfatiza o diretor.
(Por Helena Félix e Lana Roriz, jornalistas)