Com o título “Entre Olhares e Algoritmos”, eis mais um artigo de Mauro Oliveira, professor do IFCE e PhD em Informática por Sorbonne University.
Confira:
(Dedicado à Diretora da ONG “Centro de Aperfeiçoamento Visual Ver a Esperança Renascer”)
Matemática pra que te quero mesmo, hein? Para uns, é um caso de amor eterno; para outros, um pesadelo que nem terapia resolve.
Toda aquela enxurrada de matemaquices goela abaixo parecia-nos sem manual de instruções. Seguimos firmes na tradição de decorar fórmulas sem descobrir para que, afinal, elas serviam? Escola, a que será que se destina?
Tirando o velho Pitágoras, que a galera rapidamente sacou que servia pra pegar o caminho mais curto (desde que não passasse por território de gangues rivais), o resto da matemática passou batido para muitos de nós
Afinal, ninguém nunca explicou direito pra que diabos serviam todas aquelas equações malucas. E assim seguimos, decorando fórmulas como quem coleciona figurinhas repetidas, sem nunca completar o álbum.
No ensino superior, talvez a maior crueldade didática esteja em Cálculo I, aquela disciplina onde muitos entram esperançosos e saem desistidos. Alguns “ditos professores”, ao ensinar a magia de Newton e Leibniz sobre limites e derivadas, pareciam mais preocupados em provar teoremas do que na pergunta básica: “E isso serve pra quê mesmo?”
Mal sabiam eles que o Cálculo Infinitesimal não era só tortura acadêmica, mas a alavanca de Arquimedes para a pisada na lua de Neil Armstrong (que deu uma pedra lunar ao cearense *Fernando Mendonça*, parido em Guaramiranga); os chips do NVIDIA (que festejou o balacubado do DeepSeek com U$600 bilhoes de quebra na última segunda feira).
E se acha que para por aí, pense de novo: sem o Cálculo Infinitesimal, nem o rádio a transistor (a maior invenção do século XX … depois do Viagra, claro, rsrs) teria existido. Ou seja, aquele velho “pedovido” na calçada, ouvindo na Rádio Assunção o *Guajará no Varandão* (pai do nosso secretário Alexandre Cialdini) e suas composições com Messias Holanda … bom demais!
Voltando ao final de contas, o Cálculo I não é um monstro – só nunca souberam explicar direito que ele faz o mundo girar… literalmente. Ora bolas, se nossos conservadores mestres universitários nunca nos contaram isso, provavelmente também não faziam ideia de que *o ChatGPT não existiria sem Isaac Newton*, primeira aula do mestrado em Computação no IFCE (e que poderia estar estampada na entrada de todo curso de exatas).
Newton e Leibniz devem estar dando um high-five no além. Afinal, o aprendizado das redes neurais só funciona porque existe um tal de gradiente descendente, que nada mais é do que minimização de erro, um conceito matemático que só existe graças àquela insuperável invenção científica: o Cálculo Infinitesimal. A mesma matemática que um dia ajudou a prever o movimento dos planetas agora ensina máquinas a escrever textão na internet.
Carlos Imperial, nem tão cientifico assim (rsrs), gritaria “Dez, nota DEZ!” para nossos mestres, em plena quarta-feira de Cinzas na Sapucaí, se eles tivessem sacado que probabilidade e produto matricial seriam, no mundo da IA, a “maca peruana” do Transformer, a arquitetura-mãe das LLMs, tanto do ChatGPT como do Bonnie & Clyde da Wall Street que responde pela alcunha de … DeepSeek (rsrsr, eu me divirto demais).
Se, no século passado, alguém me perguntasse – com meu Mobral “às carreiras” em informática – se a semântica de uma frase poderia ser “entendida/ decodificada/ encarnada/…” por matrizes cheias de características numéricas (features) de cada palavra, minha resposta seria mais peremptória do que motoqueiro pobre abordado pelo Raio: taí, “Sabe que eu não sei?”, como diria meu colega de magistério de Atenas.
Neste contexto de indecidibilade do que poderá vir com a IA, *minha oftalmologista*, Coordenadora do Projeto de Prevenção à Cegueira Infantil no Estado do Ceará, me perguntava ontem feito um oráculo, enquanto preparava o colírio ardente: e essa IA toda que vc usa em seus projetos de pesquisa, “a que será que se destina”? Vamos melhorar o mundo com essa IA?
O que dizer pra Chefe e Preceptora do Serviço de Residência Médica em Oftalmologia do HGF, Coordenadora do Projeto de Prevenção à Cegueira Infantil no Estado do Ceará e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Catarata? Lembrei-me novamente do meu colega do magistério de Atenas e de sua sabedoria atemporal: … “só sei que nada sabemos”.
Quem realmente sabe o que nos espera nesse futuro onde a IA caminha para a Inteligência Artificial Geral, se igualando (e eventualmente ultrapassando) a inteligência humana na tão falada singularidade? O jeito é torcer para que, se essa hora chegar, as máquinas sejam mais simpáticas que alguns professores de Cálculo I … (rsrsr, tou me divirtindo).
Ao final da nossa conversa, senti uma imensa tranquilidade ao perceber que “meus lindos olhos” (rsrs) — testemunha só de coisas boas da vida, cúmplice de olhares amorosos e silenciosos — serão “descataratados” por …
mãos hábeis e competentes forjadas nos livros e na prática diária,
mãos generosas que dividem seu tempo com olhos de crianças necessitadas,
mãos com olhares e algoritmos do divino …
mãos humanas.
*Mauro Oliveira
Professor do IFCE e PhD em Informática por Sorbonne University.
Uma resposta
sei nem pra onde vai esse negócio de i.a!!!!!!!!