“Estado legal foi engolido pelo estado marginal”, diz desembargador do Ceará

Raimundo Nonato Silva Santos é desembargador do Ceará

“Meu Deus, nós estamos em uma situação difícil! As drogas, as facções estão avançando a passos largos. (…) O estado legal foi engolido pelo estado marginal”.

O desabafo é do presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargado Raimundo Nonato Silva Santos, na noite da última sexta-feira (21), durante o 2º Congresso Regional Eleitoral do Cariri, em Juazeiro do Norte.

Como forma de combater o discurso da violência como uma “questão nacional”, o desembargador cobrou a parte da responsabilidade do governo local.

“Você chega em cidade com o porte de Santa Quitéria, o delegado dá plantão por telefone, à distância. Onde é que existe isso, meu Deus do Céu?”, questionou Raimundo Nonato.

“Eu fui presidir uma eleição com uma juíza, em Alto Santo, chegamos lá… cadê o delegado? Não tem delegado. Ele fica à distância”, criticou.

O desembargador lembrou que, quando era delegado de Araripe, mandava bilhete de intimação e a pessoa cumpria o chamamento no dia e horário solicitados.

“Hoje, nós magistrados, a gente manda uma notificação para um cara e o cara não está nem aí. Onde foi que a gente chegou?”, lamentou.

“Você chega em Orós e não tem delegado, não tem promotor, não tem juiz… o estado marginal agradece”, apontou.

“Eu fui obrigado a decretar a prisão do prefeito de Santa Quitéria porque a cidade está toda tomada pelo Comando Vermelho”, disse.

“Será que não vamos parar para pensar nisso?”, provocou o desembargador Raimundo Nonato.

“Tempos difíceis, tempos difíceis”…

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Uma resposta

  1. Desembargador deixou à mostra a ineficiência (ou seria conluio tácito) do Estado com o crime organizado. As forças legais amedrontadas com o Cangaço moderno.

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