A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), entidade máxima de representação da categoria no Brasil, divulgou nota repudiando os ataques virtuais de grupos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro contra o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) e ao seu presidente, Rafael Mesquita.
A onda de ataques se deu após a emissão de nota, pelo Sindjorce, no último sábado (16/12), em que a entidade criticou a recente decisão de 20 vereadores de conceder o título de cidadão de Fortaleza ao ex-presidente, por iniciativa do vereador Julierme Sena (União Brasil), em votação realizada no dia 12 de dezembro.
No domingo (17/12), tanto em seu perfil pessoal quanto no da entidade sindical, Mesquita passou a receber mensagens de ódio, algumas com conteúdo homofóbico, e até ameaças por mensagens diretas. Imagens do perfil pessoal do jornalista foram divulgadas em pelo menos três perfis no Instagram, com legendas contendo desinformação acerca da posição do Sindicato, numa estratégia de manipulação da sociedade.
O dirigente sindical, que também é secretário de Mobilização, Negociação Salarial e Direito Autoral da FENAJ, pronunciou-se em suas redes sociais reafirmando a posição coletiva da categoria no Ceará de repudiar a homenagem ao ex-presidente, que institucionalizou a violência contra jornalistas e promoveu o desmonte das políticas públicas, vitimando milhares de pessoas durante a pandemia de covid-19.
A FENAJ reitera que, durante o ciclo de Bolsonaro na Presidência, houve a institucionalização da violência contra jornalistas, por meio de uma prática governamental sistemática de descredibilizar a imprensa e atacar seus profissionais. Nos quatro anos do seu mandato, Bolsonaro foi o principal agressor e ainda incentivou seus apoiadores a também se tornarem agressores. De 2019 a 2022, Bolsonaro realizou 570 ataques a veículos de comunicação e aos jornalistas, numa média 142,5 agressões por ano; um ataque a cada dois dias e meio.
Não obstante as denúncias feitas pela FENAJ, pelo Sindjorce e pelo próprio Rafael Mesquita à Meta, a plataforma de rede social não removeu as postagens ofensivas e os perfis perpetradores de ameaças até o momento, alegando que não ferem seus termos de uso e padrões de comunidade. Tal conduta evidencia a necessidade de regulação das plataformas digitais no Brasil e a necessidade de adoção de um padrão de atuação específico em caso de violência digital contra jornalistas.
A FENAJ, ainda em nota, informa que seguirá atenta aos desdobramentos deste lamentável episódio, colocando-se à disposição do Sindicato filiado e de seu dirigente para a adoção de medidas judiciais cabíveis.