O município de Fortaleza ficou fora do levantamento da Universidade de São Paulo (USP) sobre cidades que adotaram o passe livre no transporte público em 2023, em relatório apresentado este mês. No estudo sobre investimentos na gratuidade nos ônibus, o programa do prefeito Sarto, de uma passagem de ida e outra de volta para estudantes, não representaria propriamente benefício à população.
De acordo com a pesquisa da USP, 94 municípios brasileiros já adotaram o sistema, sendo 31 somente este ano: 10 em São Paulo, seis em Minas Gerais, cinco no Rio de Janeiro, cinco em Santa Catarina, três no Paraná, um em Goiás e um em Rondônia.
A gratuidade no transporte público deveria atender prioritariamente a população que mais necessita, o que não seria o caso de Fortaleza, pois quase a totalidade de estudantes carentes estariam matriculados nas proximidades de suas residências. Além disso, uma passagem de ida e outra de volta não assegura ao estudante nenhuma atividade extra-curricular, como cultura e esporte.
“Existe agora uma maior percepção de que é possível estruturar tarifa zero também em cidades mais populosas, com redes de transporte público mais complexas. (…) É preciso lembrar também que as cidades mais populosas costumam ter um orçamento maior do que cidades menores. Isso também é um potencial”, apontou o pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Daniel Santini.
Caucaia, no Ceará
Dos 94 municípios que adotaram o Passe Livre no país, apenas 11 têm mais de 100 mil habitantes, encabeçados por Caucaia, no Ceará, com população de 355 mil pessoas; Luiziânia/GO (209 mil) e Maricá/RJ (197 mil).
De acordo com o prefeito de Caucaia, Vitor Valim, o programa Bora de Graça, com investimento mensal de R$ 3 milhões, o retorno para o município acontece por meio do aquecimento na economia local, do crescimento do setor de serviços, além da geração de emprego, quando a gratuidade no transporte público levou mais pessoas aos pontos comerciais, movimentou o comércio ambulante e aumentou a distribuição de currículos de jovens na busca do primeiro emprego.
“O Bora de Graça foi uma iniciativa com foco no caucaiense e nas necessidades reais do município. Após dois anos, constatamos que alcançamos os objetivos que tínhamos, que era fazer os impostos pagos pela população voltarem para os cidadãos e movimentar a economia local, já que esse dinheiro não gasto em passagem é revertido para a compra de produtos e serviços no município, além de promover o deslocamento sustentável em Caucaia”, apontou Valim
(Com a Agência Brasil)