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“Mania”

Totonho Laprovítera é arquiteto e escritor. Foto: Reprodução

Com o título “Mania”, eis mais um conto da lavra de Totonho Laprovítera, arquiteto, escritor e artista plástico.

Confira:

“Nada agrava mais a pobreza, que a mania de querer parecer rico.”
(Marquês de Maricá)

Na linguagem popular, uma “mania” é um hábito estranho, incomum e repetitivo que uma pessoa tem, muitas vezes sem perceber, e que outros podem achar estranho ou curioso. Embora inofensivas, muitas manias são características pessoais marcantes. Na psicologia, a mania é reconhecida por mudanças radicais no humor e níveis de energia, incluindo pensamentos acelerados e comportamentos
impulsivos e exagerados.

Vale ressaltar que qualquer pessoa pode ter uma mania, mas nem sempre isso resulta em efeitos negativos no dia a dia. Na maioria das vezes, as manias são inofensivas e não causam grandes prejuízos. Por exemplo, ter o hábito de sempre levantar com o pé direito ou só conseguir dormir se deitar do mesmo lado todas as noites são exemplos de manias comuns, que não devem ser confundidas com
transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).

Falando em mania, Benício tem a de se gabar que, sempre que tem uma folguinha em seu bar, vai bater em Londres apenas para exercitar sua pontualidade britânica, fazendo hora diante do Big Ben. Já, a mania de grandeza é o que não falta à lisa e lesa Anderlayne Cícera. Prova disso é quando ela está no ponto de ônibus e diz: “Meu motorista tá vindo me buscar.” Agora, se eu for inventar de contar sobre gente que tem mania de riqueza, a começar pelos prezados bêbados, não teremos espaço aqui que dê para tantas histórias.

A mania de Edvarzinho era anotar em uma folha de papel almaço, bem pregada na porta do seu guarda-roupa, as datas dos casamentos de quem conhecia, mesmo que apenas de vista, para depois conferir o número de meses de gestação da noiva. E era desse jeito, por exemplo, que ele comentava com a sua querida tia Áurea:

  • Titia, a nossa casta vizinha, imaculada nubente que se casou de branco,
    com véu e grinalda de metros, acabou de parir uma linda criança! Foi e o
    menino pesou quatro quilos e duzentos gramas, e mediu exatos cinquenta
    e cinco centímetros!
  • Um meninão, não é? – considerou dona Áurea.
  • Sim, e é porque o bruguelo nasceu, oficialmente, com apenas seis meses!
    Por fim, em São Paulo, o povo tem a mania de abreviar os nomes. Se é João é
    Jô, se é Maria é Má, se é Pedro é Pê, se é Michele é Mi. Se é Carlos, é Cá, se é Vitória é
    Vi e por aí vai. Outro dia, um amigo meu que está de mudança para a capital paulista
    me perguntou como seria chamado pelas bandas de lá. Respondi: “Sei não,
    Custódio…”

*Totonho Laprovítera

Arquiteto, escritor e artista plástico.

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