“Se hoje para nós se torna de certa forma fácil crer nos eventos da morte e ressurreição do Cristo, tal não era para aqueles discípulos apavorados com todo o processo que presenciaram desde a prisão de Jesus”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves. Confira:
Neste Sábado Santo o povo cristão aguarda o grande dia da libertação, o domingo da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus imolado para a expiação dos pecados do mundo. Sempre que posso vou ter com São Francisco das Chagas, em Canindé, e pedir a benção do Padre Neri Feitosa, 98 anos de experiência e sabedoria, fiel apóstolo do Cristo Ressuscitado. Mente ativa, pleno de esperança nas promessas do Salvador, a ele presto minha homenagem neste dia. Sabe bem e ensina-nos o Padre Neri, intelectual da melhor cepa, teólogo e mestre, consoante o apóstolo São Paulo, que neste sábado estamos a rememorar a certeza da ressurreição de corpo que foi assassinado e sepultado, o Corpo de Cristo. Nisto cremos plenamente, porque “se Cristo não ressuscitou é vã a nossa pregação e também é vã a nossa fé.” (1 Coríntios 15.14). As aleluias deste sábado se repetem exatamente pela certeza de que na morte de Jesus ocorrida na sexta-feira contém toda a sublime paradoxalidade da vida em abundância, vida eterna para quantos crêem nessa morte expiatória e vicária. Joseph Ratzinger (Bento XVI) lembra aos cristãos que “Na Paixão de Jesus toda a imundície do mundo entrou em contato com o imensamente Puro, com a alma de Jesus Cristo e, desse modo, com o próprio Filho de Deus. Se habitualmente a realidade suja, através do contato, contagia e mancha a realidade pura, aqui temos o contrário: onde o mundo com toda a sua injustiça e as crueldades que o mancham entra em contato com o imensamente Puro, aí Ele, o Puro, revela-Se o mais forte. Nesse contato, a imundície do mundo é realmente absorvida, anulada, transformada por meio do sofrimento do amor infinito. Visto que no homem Jesus está presente o amor infinito, agora, na história do mundo está presente e ativa a força antagonista de toda a forma de mal; o bem é sempre infinitamente maior do que toda a massa do mal, por mais terrível que esta se apresente.” (cf. “Jesus de Nazaré – Da entrada em Jerusalém até à Ressurreição, Editora Planeta, 2011, pág. 209) .
Este sábado, que para nós é motivo de aleluias e grávido de esperanças em face da ressurreição, para os discípulos e seguidores de Jesus, depois da crucificação, foi um dia doloroso, angustiante, cheio de tensões e dúvidas. Os discípulos, de fato, se dispersaram atemorizados pela perseguição da soldadesca romana. Em pequenos grupos esperaram ansiosos os acontecimentos que viriam segundo a promessa do Senhor. Ou seja, que ressuscitaria no terceiro dia depois de Sua morte. O ambiente em Jerusalém era de terror e medo. Na verdade, se hoje para nós se torna de certa forma fácil crer nos eventos da morte e ressurreição do Cristo, tal não era para aqueles discípulos apavorados com todo o processo que presenciaram desde a prisão de Jesus. Basta lembrar que o discípulo mais atilado e mais dedicado, Pedro, acometido de indescritível medo, negou ser do grupo de Jesus. Cumpriu-se a predição. O móvel, no entanto, foi aquele ambiente de terror em Jerusalém.
Nos dias de hoje, por tudo que sabemos sobre o Jesus histórico, não há lugar para dúvidas de que este sábado é um dia alvissareiro para os fiéis cristãos. E o mistério da nossa fé mais nos alegra pelo dia que relembraremos amanhã, o dia da ressurreição do Cristo e de todo aquele que nEle crê.
Barros Alves é jornalista e poeta
Respostas de 2
Dr. Barros Alves, um brilhante intelectual, sábio em suas palavras! 👏
Que Deus o abençoe!
Obgdo, jovem escritor. Generosidade sua.