“O pardieiro não se constrói do dia para a noite. Ele nasce da naturalização do absurdo. Do silêncio cúmplice. Da normalização da ladroagem travestida de articulação política”, aponta o empresário Gera Teixeira
Confira:
O Congresso Nacional, salvo raras e honrosas exceções, tornou-se um ambiente hostil para quem ainda se orienta por decência, moral e ética. Não é um espaço de ideias em disputa, mas um terreno de sobrevivência onde princípios costumam ser tratados como estorvo.
Ali, o mandato frequentemente deixa de ser representação para virar negócio. O voto, que deveria carregar responsabilidade histórica, transforma-se em moeda de troca. Emendas substituem projetos. Cargos substituem convicções. A retórica pública fala em povo, enquanto a prática privada negocia privilégios. O interesse coletivo entra apenas como figurante de um enredo repetido.
O pardieiro não se constrói do dia para a noite. Ele nasce da naturalização do absurdo. Do silêncio cúmplice. Da normalização da ladroagem travestida de articulação política. Rouba-se com discurso técnico, com parecer jurídico, com voto nominal e sorriso protocolar. Tudo dentro da forma, quase nada dentro da moral.
Nada disso contribui para o país. Ao contrário, diminui. Diminui a confiança, a credibilidade institucional, o respeito internacional e, sobretudo, a esperança do cidadão comum. O Congresso deveria ser a casa do debate elevado. Tornou-se, em muitos momentos, a vitrine do atraso.
Quando a política se afasta da ética, o Estado apodrece por dentro. O pardieiro não é apenas físico ou simbólico. É moral. E enquanto ele existir, qualquer projeto de nação seguirá comprometido, pois país nenhum se ergue sobre ruínas éticas sem pagar um preço alto.
Gera Teixeira é empresário