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“O PDT renega a sua história”

João Arruda é sociólogo e professor aposentado da UFC. Foto: Arquivo Pessoal

“Hoje, com um certo saudosismo, digo, com muita convicção, que já não se fazem políticos como antigamente”, aponta o professor e sociólogo João Arruda, Confira:

Um pouco de resgate histórico faz-se necessário para que se entenda a lamentável metamorfose pedetista. Não podemos esquecer que o mais emblemático ensinamento deixado por Leonel Moura Brizola se manifestou por ocasião do “Escândalo do “Proconsult”, no momento em que ele disputava as eleições do Rio de Janeiro, em 1982. Essa trama macabra, articulado pelo Roberto Marinho, dono da Rede Globo, e por colaboradores do antigo regime, visava derrotá-lo e garantir a vitória de Moreira Franco, candidato do sistema ao governo pela antiga ARENA. Com um histórico de não negociar princípios, como lhe era peculiar, Brizola foi à luta e, por fim, denunciou, à mídia internacional, toda a trama golpista. Após uma grande e corajosa quebra de braço contra a poderosa Rede Globo e seus cúmplices, a fraude foi revelada, tendo Leonel Brizola sido diplomado como candidato legitimamente eleito.

Mais do que qualquer outro político, Brizola tinha consciência do nocivo papel manipulador do sistema Globo de televisão e, enquanto viveu, não parou de denunciar e nunca fez concessão a esse sistema de comunicação. As suas intransigentes defesas da democracia e das liberdades de expressão logo foram incorporadas ao DNA pedetista. Para quem não sabe, a expressão “O povo não é bobo, abaixo a rede globo” foi inspirada nos pronunciamentos do fundador do PDT.

Mas, infelizmente, como disse sabiamente o ex-governador Gonzaga Mota, “a política é dinâmica” e as coisas mudaram. E mudaram para pior. Hoje, com um certo saudosismo, digo, com muita convicção, que já não se fazem políticos como antigamente. Na relatividade da pós-verdade política, a coerência com princípios, qualidade tão cobrada dos políticos e defendida ferrenhamente pelo Brizola, deu lugar a conveniência e aos interesses inconfessos.

Navegando na contramão da história, o desgoverno Lula, seus equivocados apoiadores no parlamento e o carcomido establishment nacional decidiram, como parte inegociável do seu projeto político-existencial globalista, ter o controle absoluto das Redes Sociais. No contexto da sua pós-verdade é inadmissível que o povo comum tenha voz nas redes sociais. É imprescindível, para o êxito do velho projeto de dominação, que a velha mídia volte a ter exclusividade na formação da opinião pública dos brasileiros.

O PL da Censura, mesmo sofrendo sucessivas derrotas na Câmara, foi engavetado pelo Artur Lira. Mas não de forma definitiva. Ao aceitar enterrá-la, ele deixou claro que a Câmara continuaria insistindo em censurar as redes sociais, mesmo que fosse de forma fatiada. E essa ameaça não se fez esperar. Na terça-feira, 14, na calada da noite, aproveitando o momento em que a tragédia do Rio Grande do Sul concentrava as atenções e solidariedade do povo brasileiro, de forma sorrateira, Lira pautou, em regime de urgência, o PL 8889, ou o PL da Globo, como ficou nacionalmente conhecida.

Para surpresa dos brasileiros, principalmente dos cearenses, o deputado André Figueiredo (PDT/CE), um parlamentar com um histórico de relativa coerência e combatividade, de forma entusiasmada e claramente fazendo uso de deprimentes sofismas, fez uma vergonhosa defesa de um projeto que, em última instância, objetivava calar a nação; onerar o cidadão usuário das redes; regular plataformas de streaming como Netflix, Youtube, Prime Video, entre outras; financiar a Globoplay e incentivar a produção de peças com narrativas identitárias, objetivando doutrinar os brasileiros com temáticas ditas politicamente corretas. Com esse abjeto PL, André Figueiredo, subestimando a inteligência dos brasileiros e manchando a sua biografia, teve o desplante de afirmar, com falsa demonstração de emoção, que o fatídico PL, do qual era o relator, tinha por objetivo precípuo a valorizar a indústria audiovisual nacional.

Felizmente, para a tristeza do governo Lula, dos seus puxadinhos e da Rede Globo, as redes sociais, sempre muito ativa, prontamente reagiram ao inusitado Projeto relatado pelo André Figueiredo, forçando a sua retirada de pauta, mas com o compromisso de Lira de que logo ele será novamente pautado.

Depois de se prestar a esse deprimente e deplorável papel, que seguramente fez o Leonel Brizola temer em sua tumba eterna, espero que o deputado André Figueiredo tenha aprendido a lição, que faça autocrítica e não mais seja relator de um projeto tão abjeto e antipopular.

João Arruda é professor e sociólogo

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Respostas de 4

  1. O Professor João Arruda, para minha surpresa, não entendeu o contexto da matéria, que por sua vez tem como objetivo ampliar a produção nacional, inclusive com conteúdos que respeitassem a diversidade e a produção regional. Bem longe da narrativa escolhida pelo professor João Arruda para atacar gratuitamente o Deputado André Figueiredo.

  2. Por que esse professor não fala que esse projeto pode criar milhares de empregos no Brasil? Sem contar nos vários benefício a longo prazo para a cultura e para o audiovisual brasileiro. Politizaram um texto importantíssimo para o Brasil.

  3. Ele é mesmo um professor de sociologia? Gente, apoiar o Projeto 8889/17 é defender a soberania nacional! Todos os anos vemos os grandes streamings encarecendo seus planos, aumentando seus lucros sem investir nada aqui no Brasil. Precisamos regular os streamings para promovermos uma concorrência justa entre as empresas nacionais e internacionais.

  4. Não entendi por que só fala da isenção do Globoplay e não fala dos demais streams brasileiros que serão isentos como Play Plus pertencente à Record e diversos outros?
    Por que também não fala do aumento dados postos de emprego que o projeto pode criar no Brasil?
    Por que não cita os vários benefício a longo prazo para a cultura e para o audiovisual brasileiro?
    Será que senhor realmente se importa com o futuro do Brasil ou está apenas querendo aparecer na internet fazendo politicagem com e distorção de informações tão importantes para o audiovisual brasileiro.
    No próximo artigo esperamos menos politicagem, mais seriedade e responsabilidade da sua parte.

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