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“Odisseia de Chico”

Gonzaga Mota é economista e escritor. Foto: Reprodução

“Resolveu partir para uma cidade grande. Maria e os filhos choraram. Foram consolados por ele, com a esperança de melhorarem de vida”, aponta o escritor Gonzaga Mota.

Confira:

Chico, homem bom e trabalhador, na roça lutava de sol a sol. Em casa, com a mulher e filhos, além de descansar e prosear, comia, com todos, farinha d’água com rapadura e bebia uma caneca de café. Voltava cabisbaixo a prosear, pensando em dias melhores para ele e sua família. Desejava abandonar a casa de taipa e procurar outro trabalho. O sertão não permitia que Maria, seus dois filhos, José e Ana, vivessem de forma justa.

Resolveu partir para uma cidade grande. Maria e os filhos choraram. Foram consolados por ele, com a esperança de melhorarem de vida.

Maria, além dos afazeres de casa, passou também a trabalhar na roça para sustentar José, com três anos e Ana, com apenas dois. Vida dura! Quanta saudade! Dizia Maria: com fé em São Francisco de Canindé e no “Padim Ciço”, Chico voltará para levar a gente.

Maria pensava com o coração: a pior dor é a da saudade, longe da pessoa amada.

A espera foi grande com final triste. Chico morreu trabalhando na construção de um prédio. Morreu com muita dignidade, porém vítima da injustiça dos homens.

Lembramos os versos do poeta Patativa do Assaré e a voz sertaneja de Luiz Gonzaga, foi uma “Triste Partida”. Pobre Chico, deixou a família desamparada e sem nenhuma perspectiva. A vida quase sempre é muito dolorosa.

Maria e seus dois filhos fizeram as trouxas e se tornaram pedintes noutra cidade grande. Passaram fome, humilhação, perseguição e poucos externavam o sentimento de solidariedade. Vida sem vida, cruel, desigual e sem esperança. Como disse o grande poeta nordestino Manuel Bandeira: – Ah, como dói viver quando falta a esperança!

Gonzaga Mota é economista, escritor, ex-governador e professor aposentado da UFC

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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