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“Os magos eram de fato reis e santos?”

Barros Alves é jornalista e poeta

“O Evangelho de Mateus não diz a quantidade dos reis nem os nomes deles. As narrativas posteriores que sacramentaram a tradição católica transformaram os sábios em reis e lhes deram nomes (século VIII): Baltazar, Melchior e Gaspar”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves

Confira:

Hoje é dia dos Santos Reis. Todavia, há sérias razões para crer que os magos, provavelmente sábios persas estudiosos dos astros, não magos no sentido que hoje conhecemos, nem eram reis. Os magos são apresentados na Bíblia como feiticeiros e sempre receberam a ojeriza do escritor bíblico. (Gn. 41.8; Ex. 9.8; Dt. 18.11; Dn. 1.20; At. 8.9 e 13.6). Então, para que o relato esteja consentâneo com as Escrituras antecedentes à anunciada vinda do Cristo Salvador, podemos afirmar que os visitantes do Menino-Deus não eram praticantes de magia. Alguns estudiosos concedem que poderiam ser sacerdotes do Zoroastrismo, uma classe privilegiada e influente no Estado persa, o Irã atualmente. Eles conheciam as profecias (Mt. 2.5,6) e deveriam ser matemáticos dedicados à astronomia, porque seguiram o movimento da estrela até à altura de Belém. Foi na condição de cientistas que eles conseguiram deduzir matemática e astronomicamente o nascimento do “novo rei dos judeus.”

O Evangelho de Mateus não diz a quantidade dos reis nem os nomes deles. As narrativas posteriores que sacramentaram a tradição católica transformaram os sábios em reis e lhes deram nomes (século VIII): Baltazar, Melchior e Gaspar. E determinaram o simbolismo dos presentes, que remetem à universalidade do menino-rei adorado. Gaspar era branco e levou ouro; Melchior, moreno e presenteou com o incenso; o negro Baltazar levou a mirra. As crenças postas nos Evangelhos canônicos e ampliadas pelos apócrifos, recebeu mais acréscimos por parte de escritores da Cristandade antiga. Beda, o Venerável, entende que os magos são a representação dos povos da Idade Média: o europeu, o asiático e o africano. Há apócrifos que dizem ter sido doze reis e não apenas três.

E essa história de que os reis magos são santos é resultante do “sensus fidelis”, o senso dos fiéis, o consenso popular dos católicos sob o pálio do magistério da Igreja Católica. Foram popularmente canonizados em razão das muitas fábulas contando milagres e prodígios protagonizados pelos “reis” durante a viagem até Belém. Então, eles foram devidamente inscritos no hagiológio católico.

Barros Alves

Jornalista e poeta.

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Respostas de 2

  1. Saudações meu mestre Barros Alves;
    Parabéns a você e principalmente ao nosso querido Estado do Ceará, por ter ainda personalidades brilhantes, pois a nossa esperança pelo um Brasil melhor e principalmente um Nordeste, é fortalecido quando vemos ainda uma resistência em nosso jornalismo, onde vem sempre destacando excelentes profissionais que realmente trabalham com seriedade, transparência e comprometidas com a verdade e o povo. Pois um povo que não é bem informado, acaba escravizado.
    Forte abraço! 🇱🇷🇧🇷

  2. Aplausos. Linda escrita. As dúvidas suscitadas, quem sabe, um dia, virão as respostas. Parabéns.

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