“As redes sociais, os blogues e sites, sob múltiplas e variadas apresentações, podem permitir-se uma poderosa interação, e o exercício do contraditório”, aponta em artigo o cientista político Paulo Elpídio de Menezes Neto. Confira:
“O meio é a mensagem…”
A mídia, de uso corrente, na sua versão para o português/brasileiro, é a redução da designação “mass media”, em inglês. “Meios de comunicação de massa” é a designação da mídia tradicional, a que se serve de várias plataformas impressas ou faladas e imagéticas, como jornais, revistas, livros, apresentações radiofônicas e canais de televisão.
A “alternative mass”, a mídia alternativa”, com o desenvolvimento da tecnologia, em múltiplas formas de transmissão de informações, ocuparam-se de assuntos anteriormente ignorados pela “mass media”.
Até aqui o entendimento sobre esses meios poderosos mostra-se seguro, ainda que comecem a brotar as primeiras desinteligência sobre o seu significado.
A grande imprensa ou os meios de comunicação impressa sofreram o primeiro grande impacto após a valorização do som e da imagem em detrimento da informação impressa.
Os canais alternativos de comunicação de massa abriram uma brecha inesperada nas muralhas, até então inexpugnáveis, da “great media”, e quebraram o monopólio da informação, da publicidade e da propaganda.
A mídia analógica, associada às formas tradicionais de divulgação da informação,é unilateral, não permite a possibilidade de interação da mídia digital/eletrônica.
Já as redes sociais, os blogues e sites, sob múltiplas e variadas apresentações, podem permitir-se uma poderosa interação, e o exercício do contraditório. Este espaço, que tanto medo impõe aos políticos, governantes e partidos políticos de formação autoritária mais pronunciada, funcionam como a Ágora, aquela praça na qual os atendentes discutiam e decidiam pelo voto e pela força dis argumentos o seu próprio destino, no plano de uma democracia em gestação.
Sobre tudo isso sabemos o essencial. MacLuhan, Lasswell, Burke, Lazarsfelt e Mead, exploraram, entretanto, novas fronteiras do processo de transferência da informação, da origem, do fato ou da ideia, do emissor ao receptor, segundo a engenharia precursora de Barthes. Lênin e Gramsci, assim como Paulo Freyre, fizeram bom uso das táticas de guerrilha verbal, da semântica e da dialética, para firmar o bloqueio do excesso de democracia e de povo nas decisões das grandes e das pequenas questões de Estado.
A mídia a que chegamos, por conta da nossa preguiça mental, e por essa razão, a aceitamos sem tergiversação, tem horror pela controvérsia e fez da realidade uma forma de reconstrução social da verdade. Como se estruturou em empresa a reclamar grandes investimentos, alugou a oena e a esperteza aos anunciantes e não pode mais sobreviver sem a cobertura financeira do erário.
A notícia, as ideias e a opinião têm o seu preço e assumem a feitura que os comentaristas e âncoras lhes permitem.
Consumimos uma realidade “enlatada” com sabor de verdade e nela acreditamos.
Paulo Elpídio de Menezes Neto é cientista político, professor, escritor e ex-reitor da UFC