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“Proclamação da República: um ponto fora da curva”

Barros Alves é jornalista e poeta

“O Império brasileiro, constitucionalizado em 1824, por Pedro I, era um oásis democrático em meio às republiquetas de língua espanhola na América Latina”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves.

Confira:

Neste 15 de novembro o que temos a comemorar?  Na verdade, nada. A implantação da forma republicana de governo no Brasil foi um ponto fora da curva. A anomalia completa 135 anos sem que a nação brasileira tenha retomado o desenvolvimento sócio-econômico e político na caminhada da história, cortados que foram os passos da nação, com a chegada dos republicanos positivistas ao poder. Os valores  democráticos visíveis no Segundo Império sob a liderança de Pedro II, o imperador cidadão, sucumbiram logo depois da implantação da República. O Império brasileiro, constitucionalizado em 1824, por Pedro I, era um oásis democrático em meio às republiquetas de língua espanhola na América Latina, territórios divididos pela sanha belicosa de caudilhos aventureiros, que logo se tornaram ditadores como foi o caso de San Matin e Simon Bolívar. Quando caiu a monarquia, vários chefes de Estado e não apenas reis, se solidarizaram com Pedro II. William Gladstone, quatro vezes  primeiro-ministro da Inglaterra, declarou que havia acabado a única democracia da América Latina.

Com efeito, a nossa república nasceu sob a égide da traição de dois militares muito próximos do Imperador. O velho e decrépito Marechal Deodoro da Fonseca, na verdade não queria derrubar a monarquia, mas derrubar o Gabinete Parlamentar, prestes a sair das mãos do Visconde do Ouro Preto para ser entregue ao comando de Gaspar Silveira Martins, desafeto de Deodoro, que em outros tempos foi passado para traz pelo político gaúcho numa disputada amorosa. Mas, Deodoro, fragilizado pela doença, acamado, se submeteu à pressão do Marechal Floriano Peixoto, este um declarado monarquista até uma semana antes do veredito que expulsou a família real do Brasil. Deodoro liderou a traição, o golpe contra a monarquia e logo depois foi golpeado por Floriano, que instalou a ditadura e pôs-se a brandir a espada, a degolar  cabeças de políticos, sobretudo os verdadeiros republicanos  e democratas, como foi o caso de Rui Barbosa, forçado a se exilar na Inglaterra, depois de ter sido o primeiro ministro da Fazenda no novo regime. Aliás, o aplaudido jurista foi um desastre como ministro.

A cidadania, que deve ser a marca imprescindível de uma república, no Brasil continua precária e cambaleante. Depois da ditadura jacobina de Floriano, nunca mais o povo brasileiro encontrou sossego político. Enquanto sob a monarquia, apesar das crises, valorizamos o processo de aprendizado democrático, graças ao simbolismo de unidade e comando posto na figura do Imperador, e respeitamos a Constituição durante 65 anos; sob a república já foram rasgadas sete Cartas Magnas: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, e o Emendão de 1969, por muitos juristas considerado uma Constituição. A gorda e balofa Constituição de 1988, impropriamente alcunhada de Cidadã pelo líder que a promulgou, já é um caso doentio de obesidade constitucional, uma vez que já lhe meteram nas entranhas 128 emendas. Se a irresponsabilidade parlamentar com a Constituição não bastasse, o Supremo Tribunal Federal resolve também legislar. A República brasileira não tem jeito. Definitivamente, virou casa-de-mãe-janja.

Barros Alves é jornalista e poeta

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Uma resposta

  1. D. Pedro II o Príncipe, o Regente e o grande Monarca de espírito republicano. Aplausos para ele.

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