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“Qual ‘verdade’ a PF não quis saber, Mauro Cid?”

Aquiles Lins é jornalista

“Cid esteve no centro da trama golpista e participou de várias ilegalidades para beneficiar Bolsonaro. Qual seria a narrativa diferente?”, aponta o jornalista Aquiles Lins. Confira:

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que expôs toda a trama do fracassado golpe de Estado de 8 de janeiro, fez graves acusações à atuação da Polícia Federal no acordo de delação premiada firmado com a corporação. Em áudio divulgado pela revista Veja, Cid diz que investigadores da PF estariam com a “narrativa pronta” no inquérito sobre os atos golpistas e “não queriam saber a verdade”. Seu acordo de colaboração premiada com a PF foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal em setembro de 2023.

“Eles (os policiais) queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu. Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo. Eles estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu? É isso que eles queriam”, disse o militar.

Qual seria essa verdade, Mauro Cid? Conte ao país o que teria sido diferente do que já se sabe sobre a organização e realização dos atos golpistas de 8 de janeiro. Qual é a ‘narrativa’ que você queria revelar e que não teria conseguido em razão da atuação da Polícia Federal? Há provas disto que você queria revelar para amparar sua narrativa?

Mauro Cid também fez acusações contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Com discurso semelhante ao de Bolsonaro, Cid acusou Moraes de já ter a “sentença pronta” e fazer o que quiser, pois ele “é a lei”. “Já tem a sentença dele pronta, acho que essa é a grande verdade. Ele já tem a sentença dele pronta. Só tá esperando passar um tempo. O momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR acata, aceita e ele prende todo mundo”, afirmou o tenente-coronel.
Mauro Cid esteve no centro da trama golpista, teve ciência e participou de várias ilegalidades para beneficiar o clã Bolsonaro. Ao acusar a autoridade policial, e o próprio STF, de forçá-lo a comentar fatos que não teriam acontecido, o militar bolsonarista equiparou a atuação dos investigadores ao modus operandi da Lava Jato. Uma embalagem perfeita para as redes sociais da extrema direita bolsonarista reforçarem o discurso de perseguição. As acusações de Mauro Cid acontecem logo após vir a público que o Exército já decidiu que não irá promovê-lo a coronel, em razão de sua conduta golpista. Pode advir daí uma parte da reclamação do militar.

O fato é que as instituições brasileiras como a Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal não podem ser acusadas de cometer ilegalidades e violações de direitos fundamentais, sem que o autor seja interpelado a provar o que disse, e punido nos termos da lei. A democracia brasileira sobreviveu por pouco à tentativa de golpe de Estado pela extrema direita do qual Mauro Cid participou. Não há “narrativa” que modifique os atos de vandalismo e selvageria nas sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro. É hora da responsabilização de todos os golpistas.

Aquiles Lins é colunista do Brasil 247, comentarista da TV 247 e diretor de projetos Norte, Nordeste e Centro-Oeste do grupo

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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