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Que livro lido em 2024 você indica? – Por Mirelle Costa

por Mirelle Costa
por Mirelle Costa

Eu fiz essa pergunta aos escritores Bráulio Bessa, Socorro Acioli, Paulo Vanderley e Cláudia Leitão, às jornalistas do podcast “As Cunhãs”, ao deputado estadual Carmelo Neto, à Maura Isidoro, orientadora da Célula do Livro, Leitura e Literatura (Celiv) da Secult e à Camila Vieira, do coletivo de literatura, Leitura para Elas. Vamos conferir as dicas.

Bráulio Bessa

Bráulio Bessa
Bráulio Bessa

O poeta Bráulio Bessa indica a obra “Oração para Desaparecer”, de Socorro Acioli. Finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, o livro conta a história de uma mulher que, sem lembrança nenhuma de seu passado, precisa reconstruir a vida em um lugar completamente desconhecido, apenas com a língua portuguesa como porto seguro.

Cida, uma mulher sem identidade nem memória, reconstroi pouco a pouco uma nova vida em um lugar completamente desconhecido. Jorge encontra nessa misteriosa estrangeira uma paixão inesperada, que recria o que não parece provável. Do outro lado do Atlântico, Joana é o fantasma de um amor há muitos anos perdido por Miguel. Quando os quatro personagens se entrecruzam no tempo em busca de respostas para as próprias angústias, se deparam também com uma trama fantástica sobre magia, ancestralidade e pertencimento. “Oração para Desaparecer” é uma das histórias possíveis sobre o amor e seu poder de dissolver as barreiras do imponderável.

Socorro Acioli

Socorro Acioli
Socorro Acioli

A escritora premiada Socorro Acioli indica a obra “Leque de Impressões”, de Chico Buarque. O livro fala de uma infância vivida e imaginada. Bambino a Roma tem nas memórias de Chico Buarque a matéria-prima para sua ficção.

Paulo Vanderley

Paulo Vanderley
Paulo Vanderley

Paulo Vanderley, autor de “Luiz Gonzaga: 110 anos do Nascimento” indicou a obra “Arroz de Palma”. Segundo ele, uma história que parece conversa de fim de tarde, contando as lutas e amores de uma família ao longo dos anos. “Francisco Azevedo escreve com o coração e a leitura deixa um calor bom na alma. Foi indicação da minha filha, Ana Paula, uma das grandes descobertas de 2024”, conta o palestrante e escritor Paulo Vanderley.

Cláudia Leitão

Cláudia Leitão
Cláudia Leitão

A professora, escritora finalista do prêmio Jabuti de 2024 e ex-secretária do MinC, Cláudia Leitão, indica a obra “Um Defeito de Cor”, da Ana Maria Gonçalves. Para ela, o livro que se refere aos malês e sua chegada na Bahia, é um relato precioso a esse respeito. “Ele nos mergulha em nossa história, tão recalcada e invisibilizada ao longo de cinco séculos, e nos leva a pensar sobre o Brasil que precisamos reinventar enquanto projeto de nação. Precisamos conhecer os relatos da escravidão para compreendermos a presença do racismo estrutural na sociedade brasileira. Somos um país preto que desconhece a África, sua diversidade cultural e sua formidável contribuição para a cultura brasileira”, aponta Cláudia Leitão, hoje, uma referência no campo de políticas públicas e em economia criativa.

Carmelo Neto

Carmelo Neto
Carmelo Neto

O deputado estadual Carmelo Neto indicou a obra “Tchau, Querida: O Diário do Impeachment”, de Eduardo Cunha e Danielle Cunha.

Na obra, Eduardo Cunha relata os bastidores do impeachment, as pressões e os interesses para se abrir ou não o processo de afastamento de Dilma e o cabo de guerra envolvendo duas outras figuras emblemáticas do cenário político: Lula e Michel Temer, um querendo manter o PT no poder, o outro querendo seu lugar. A corda desse cabo de guerra, logicamente, era o próprio Cunha. E as conversas com o ex-presidente e o então vice, narradas por Cunha, são imperdíveis. Reuniões com diversos outros atores políticos são apresentadas em minúcias. Cunha expõe as decisões erradas de Dilma, o fogo amigo de políticos aliados e até as consequências em 2016 do apoio do PT ao impeachment de Fernando Collor, em 1992. Aponta, ainda, a causa mortis do governo Dilma, mostrando como ela, além de se enterrar, acabou também enterrando juntos, naquele momento, Lula e o PT. Ao final, elenca diversas propostas para mudar o sistema político do país.

Maura Isidoro

Maura Isidoro
Maura Isidoro

Maura Isidoro, orientadora da Célula do Livro, Leitura e Literatura (Celiv) da Secult, indica a obra “Este Lado de Providence”, da americana Rachel M. Harper. O livro conta a história de uma mulher que sai de Porto Rico, tentando escapar de um passado traumático, e se muda para os Estados Unidos em busca de um futuro mais tranquilo e feliz com os filhos. “Li na velocidade da luz essa história apaixonante da Arcelia, Cristoval (Cristo), Luz, Trini, Snowman e a Srta. Valentín. Tantas dores … violência doméstica, imigração, falta de oportunidade, desilusão, dependência química, prisão, distanciamento dos filhos, abstinência, isso mesmo, é muita coisa, mas, acima de tudo, sobre a beleza do viver, dos desafios de descobrir possibilidades. É uma história potente, extremamente forte e, ao mesmo tempo, doce, fértil, luminosa, assim é o poder da leitura do livro “Este Lado de Providence”, explica Maura Isidoro.

Camila Vieira

Camila Vieira
Camila Vieira

Camila Vieira, do coletivo Literatura com Elas, elegeu “Este Post Precisou Ser Removido”, de Hanna Bervoets, como melhor livro que leu em 2024. “É um romance, bem perturbador, a partir do trabalho de moderadores de conteúdo para grandes plataformas de mídia social. Os funcionários são pagos e treinados para avaliar diferentes conteúdos (posts, fotos, vídeos, lives, etc) sinalizados como ofensivos e banidos das redes sociais por usuários ou robôs e, a partir da análise, decidir se aquilo será removido ou não da plataforma. Além da rotina exaustiva de visualização de conteúdo ofensivo e os intervalos curtos para ir ao banheiro, os personagens são obrigados a cumprir metas de acordo com porcentagem de acertos. Para criar o romance, Bervoets fez uma pesquisa aprofundada sobre moderadores de conteúdos de mídias sociais, que sofrem de estresse pós-traumático justamente por consumirem cotidianamente conteúdos ofensivos e pela pressão laboral. É uma excelente narrativa ficcional a partir de elementos reais para refletirmos sobre de que forma o conteúdo que circula na internet exerce influência em nossas decisões cotidianas e pontos de vista”, comenta Camila Vieira.

Kamila Fernandes

Kamila Fernandes
Kamila Fernandes

A jornalista Kamila Fernandes, do podcast As Cunhãs, indica “Ainda Estou Aqui”, do Marcelo Rubens Paiva. “O livro é mil vezes melhor que o filme (que é bom demais também). Você não consegue parar de ler. E é forte, sobretudo, por abordar a questão da memória de uma forma muito direta e ampla. Eu fiquei muito apaixonada pelo livro”, elege Kamila Fernandes.

Inês Aparecida

 Inês Aparecida
Inês Aparecida

A jornalista Inês Aparecida, do podcast As Cunhãs, assim como Paulo Vanderley, também indica a obra “Arroz de Palma”, que conta a história de uma família comum, com suas desavenças, separações e reconciliações. “Acho que a simplicidade da obra me pegou. Tudo começa quando o arroz que dá título ao livro foi oferecido como presente de casamento aos noivos, numa pequena cidade de Portugal. De lá veio para o Brasil e, em torno dele, Francisco Azevedo tece um romance considerado o primeiro em literatura brasileira a abordar a chegada de imigrantes portugueses. O livro, que já foi publicado em doze países, é de 2009, mas só o li neste ano, já em sua décima nona edição”, explica a jornalista Inês Aparecida. Francisco José Alonso Vellozo Azevedo, o autor, é romancista, dramaturgo, roteirista, poeta e ex-diplomata.

Hebely Rebouças

Hebely Rebouças
Hebely Rebouças

A jornalista Hebely Rebouças, do podcast As Cunhãs, indica o livro “Menos Marx, mais Mises”, da cientista política Camila Rocha. “O livro é resultado da premiada tese de doutorado dela, e ajuda muito no entendimento de como a extrema-direita conseguiu avançar no Brasil a ponto de eleger um deputado federal do baixo clero, com discurso reacionário e radicalizado, em 2018. Para quem se questiona como o Brasil chegou até aqui, o livro da Camila oferece uma linha de análise muito interessante”, conta a jornalista.

E você, leitor? Que livro gostaria de indicar como uma boa leitura?

Já estou no aguardo das sugestões de vocês. Eu recomendo o mais novo livro da médica Ana Cláudia Quintana Arantes, “Cuidar até o fim, como trazer paz para a morte”. Este livro nos conduz pelas etapas do adoecimento com gentileza e sabedoria para que aprendamos a levar conforto para o corpo enfraquecido. Como dizer palavras de consolo? Como oferecer ajuda eficaz? O livro aponta um caminho possível para manter a serenidade ao atravessar o tsunami. Afinal, cuidar é uma escolha.
Desejo um Feliz 2025 para nós, com muito cafezim e literatura!

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Uma resposta

  1. Achei a matéria bem interessante, sobretudo pelas indicações de livros que eu não li. Gostaria que você pensasse numa pauta sobre literatura infantil e infantojuvenil com o coletivo lamparinas. Parabéns pelo trabalho literário e informativo.

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