“A força do crime organizado cresce descontroladamente, enquanto a segurança do cidadão comum é relegada a uma promessa vazia”, aponta o ex-superintendente da Polícia Civil do Ceará, César Wagner.
Confira:
O caso do comerciante de Maracanaú, expulso de seu próprio estabelecimento por não conseguir arcar com o pedágio imposto por uma facção criminosa, é um exemplo contundente da falência da política de segurança pública e de como ela fortalece a marginalidade. A situação é alarmante: mesmo pagando R$ 10 mil mensais como “aluguel” para poder operar, a nova cobrança de R$ 15 mil tornou-se insustentável para o empresário, forçando-o a abandonar seu sustento.
Este cenário revela uma sociedade onde a força do crime organizado cresce descontroladamente, enquanto a segurança do cidadão comum é relegada a uma promessa vazia. O que significa viver em um estado que, em vez de garantir proteção, escolta seus moradores não para que trabalhem em paz, mas para que abandonem suas vidas e esperanças em segurança?
A fragilidade das políticas de segurança evidencia-se na incapacidade de combater o poder paralelo que se ergue sobre extorsão e medo. Governos que falham em conter esse avanço passam a ser, involuntariamente, cúmplices do crescimento dessas redes criminosas. Mais grave ainda é a percepção de que o cidadão trabalhador, aquele que deveria ser o centro de proteção estatal, é quem mais sofre as consequências desse abandono institucional.
Quando um empresário precisa sair de seu próprio estabelecimento sob a proteção de uma força policial que deveria ter evitado sua expulsão, percebemos que a ordem está subvertida. A pergunta é inevitável: até que ponto as políticas públicas estão, de fato, combatendo a criminalidade e protegendo a população? E mais importante, quais mudanças precisam ser feitas para que o cidadão sinta-se verdadeiramente seguro em seu direito de trabalhar e viver?
É urgente que o poder público encare essa realidade com responsabilidade e determinação, não apenas com ações reativas, mas com estratégias eficazes que desmantelem o poderio criminoso e devolvam à população a confiança e a paz de espírito. Afinal, uma política de segurança que deixa o cidadão sem proteção só serve para fortalecer a marginalidade.
César Wagner Martins é ex-superintendente da Polícia Civil do Ceará, ex-coordenador-geral da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (CIOPS), ex-diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), ex-diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI) e ex-delegado Titular da Delegacia de Combate ao Narcotráfico. Ex-secretário de Segurança de Aracati. Formado em Direito (Unifor) e especialista em Direito Processual Penal (Unifor). Comunicador, radialista, palestrante e consultor de empresas na área de prevenção de comportamentos irregulares