Com o título “Trump e o Avanço da Revolução Mundial Conservadora”, eis artigo de João Arruda, sociólogo e professor aposentado da Universidade Federal do Ceará. Ele aborda o futuro governo Trump e seus impactos para o Brasil.
Confira:
O dia 5 de novembro de 2024 ficará marcado como um divisor de águas na história contemporânea. A vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos consolidou uma tendência que vinha se manifestando em diversos países ocidentais: a ascensão de uma nova onda conservadora e antiglobalista. Esse evento gerou reações intensas entre a mídia tradicional, a elite globalista, os defensores da cultura woke e ambientalistas radicais, que agora enfrentam um cenário de incertezas e possíveis retrocessos.
A vitória esmagadora de Trump não apenas abalou a estrutura do deep state americano, mas também repercutiu globalmente, dando novo fôlego a líderes nacionalistas e conservadores. Seu retorno à Casa Branca simboliza a intensificação de pautas voltadas à soberania nacional, à rejeição da cultura woke e à crítica às agendas ambientalistas percebidas como ideológicas e desproporcionais.
Este movimento conservador, visto como uma resposta às pressões de um mundo globalizado e multicultural, expressa o desejo de amplas parcelas da sociedade por políticas que preservem valores tradicionais e limitem a influência das elites políticas e econômicas transnacionais. Sob o lema “fazer a América grande novamente”, Trump sinaliza um redirecionamento profundo nas relações internacionais, priorizando a liberdade de expressão, os direitos humanos e a soberania nacional como pilares de sua nova ordem conservadora global.
As primeiras declarações de Trump após sua eleição deixaram claro que sua administração será marcada por enfrentamentos diretos às estruturas que ele considera prejudiciais à liberdade e à democracia. Entre os alvos dessa postura estão líderes políticos e instituições acusados de violar direitos civis ou promover censura, especialmente em países da América Latina.
No Brasil, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e figuras de destaque, como o ministro Alexandre de Moraes, têm motivos para preocupação. A relação bilateral entre Brasil e Estados Unidos, tradicionalmente marcada pela diplomacia pragmática, parece entrar em uma fase de tensão aberta. A escolha de membros-chave da administração Trump indica que o Brasil pode enfrentar uma postura mais incisiva por parte do governo americano.
Analisemos os principais nomes do novo governo dos Estados Unidos e suas possíveis repercussões sobre o Brasil:
Donald Trump: O presidente reeleito já deixou claro que considera as ações de Lula e Alexandre de Moraes prejudiciais aos cidadãos brasileiros e americanos. A detenção de aliados de Trump no Brasil, como Jason Miller, em 2021, é frequentemente citada como um exemplo de abuso de autoridade que não será ignorado.
Elon Musk: Nome influente e próximo a Trump, Musk tem criticado medidas restritivas no Brasil, como a suspensão de sua plataforma X (antigo Twitter) e as multas impostas à Starlink. Ele promete agir contra práticas que considera autoritárias e punir quem prejudicar interesses e cidadão americanos.
J. D. Vance: O vice-presidente dos EUA é um crítico ferrenho de regimes que desrespeitam a liberdade de expressão e os direitos humanos. Suas recentes críticas ao Brasil demonstram que o país será alvo de atenção especial no próximo governo americano.
Marco Rubio: Confirmado como Secretário de Estado, Rubio é conhecido por sua postura anticomunista e sua visão dura em relação à América Latina. Ele promete priorizar políticas de fortalecimento das democracias e combater regimes autoritários na região.
Tulsi Gabbard: Indicada para liderar a Diretoria de Inteligência Nacional, Gabbard tem como missão revisar o papel das agências de inteligência dos EUA em contextos globais. Há especulações de que ela investigará com rigor as acusações de interferência externa nas eleições brasileiras de 2022.
Não temos a menor dúvida de que a composição do governo Trump reflete o compromisso com a promoção de uma nova ordem internacional conservadora. No Brasil, setores do establishment, incluindo o STF e a grande mídia, demonstram preocupação com o impacto dessas políticas sobre o país. As primeiras ações dessa administração, previstas para começar em 20 de janeiro de 2025, já geram especulações sobre mudanças profundas no cenário geopolítico, com a América Latina tendo prioridade na geopolítica americana.
A “revolução conservadora” não promete ser isenta de controvérsias, mas sua agenda clara de combate às agendas globalistas e de fortalecimento das soberanias nacionais aponta para uma reconfiguração das relações internacionais. Se implementada com sucesso, essa onda conservadora pode redefinir o equilíbrio de poder, especialmente em países do Ocidente que enfrentam tensões políticas e sociais.
Que esse movimento global seja capaz de promover mudanças que garantam o respeito às liberdades individuais, à democracia e à soberania, responsabilizando aqueles que, em nome da proteção da democracia, cometeram abusos contra seus próprios cidadãos.
*João Arruda
Sociólogo e professor aposentado da UFC.
Uma resposta
O professor universitário, João Arruda, foi muito feliz no seu artigo ao Blog do Eliomar de Lima.
Há uma onda conservadora no EUA com repercussão global. É sem dúvida certa revolta do cidadão americano comum contra uma agenda estatal woke.
A direita brasileira se conectou ao cidadão comum brasileiro nas eleições municipais deste ano nos médios e nos grandes municípios.
Luiz Cláudio Ferreira Barbosa é sociólogo e consultor político