A Universidade Federal do Ceará, por meio dos professores Tommaso Giarrizzo e Marcelo de Oliveira Soares, ambos do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR), participa da equipe executora do maior projeto já realizado no Brasil sobre a poluição por microplásticos nas praias brasileiras. A iniciativa está em andamento e vai coletar amostras de água e areia em praias de todos os estados litorâneos do País.
Intitulado “MicroMar”, o projeto conta com pesquisadores de várias instituições brasileiras. Eles estão reunindo esforços para realizar um levantamento em larga escala sobre a poluição microplástica em praias situadas ao longo de toda a costa nacional. O objetivo é prover um diagnóstico atual, abrangente e inédito sobre essa temática no Brasil. A coordenação é do Prof. Guilherme Malafaia, do Instituto Federal Goiano (IF Goiano).
Até o momento, os pesquisadores realizaram a coleta de mais de 6.700 amostras de água e areia em 750 praias localizadas em 300 municípios ou distritos nos estados do Amapá, Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Um total de 5.578 quilômetros de orla já foi percorrido de julho de 2023 a fevereiro de 2024.
De acordo com o coordenador do projeto, até abril deste ano a coleta em todos os estados brasileiros litorâneos já terá sido realizada, abrangendo uma área que vai da praia de Goiabal (localizada no município de Calçoene, no Amapá, próximo à fronteira com a Guiana Francesa) até a Barra do Chuí (no Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai).
Com o auxílio do grupo do professor Marcelo Soares, as amostras, segundo o coordenador, serão analisadas em laboratório, visando a quantificação e tipificação de microplásticos, construção e disponibilização de mapas de distribuição da poluição microplástica, bem como a determinação de índices de risco de polímero e de carga poluidora, entre outros dados. O projeto “MicroMar” prevê, ainda, o estabelecimento de correlações entre os níveis de poluição por microplásticos nas praias e variáveis oceanográficas, condições ambientais e aspectos gerais do litoral brasileiro.
“O projeto ‘MicroMar’ reúne, pela primeira vez, pesquisadores de instituições sediadas ao longo de todo o Brasil em busca de prover subsídios para a tomada de decisões locais, regionais e nacional, visando a prevenção de possíveis danos e a minimização de gastos futuros nas áreas ambiental e de saúde pública”, salienta o Prof. Tommaso, da UFC.
Microplásticos
Conforme os pesquisadores, a poluição plástica nos ecossistemas aquáticos é considerada um problema mundial sem precedentes na história planetária e instiga preocupações globais. Os microplásticos, definidos como partículas de tamanho entre 100 nanômetros (nm) e 5 milímetros (mm), passam facilmente pelos sistemas de filtração de água e acabam chegando aos rios, lagos e oceanos, representando uma ameaça potencial à vida aquática.
Em face disso, esforços crescentes têm sido feitos para caracterizar a presença e o risco que esses poluentes podem representar para os ambientes naturais, para a biota (conjunto dos seres vivos de uma dada região) e para a saúde humana.
Equipe
Além de integrantes da UFC e do IF Goiano, a equipe executora do “MicroMar” conta com pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Universidade Estadual do Amapá (UEAP), Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Além disso, o projeto conta com a colaboração de pesquisadores de instituições de ensino e pesquisa dos seguintes países: Alemanha, Argentina, Bangladesh, Brunei, Egito, Espanha, Estados Unidos, Índia e Portugal.
DETALHE – O “MicroMar” é um dos projetos apoiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (chamada CNPq/MCTI-FNDCT CT-PETRO nº 43/2022) e está em consonância com o Programa Ciência no Mar e com o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar.
(Com Agência UFC)