“Um Natal como modelo para o Ano Novo”

Com o título “Um Natal como modelo para o Ano Novo”, eis o artigo da pedagoga Cynthia Rabelo. Confira:

Dia de Natal, e pela primeira vez, as duas filhas não estão em casa, ou melhor, não estamos juntas.

Mas não é essa a dinâmica da vida? Filhas crescem, casam, formam suas famílias. Ou saem de casa para viver seus sonhos? E foi justo da filha que está vivendo um sonho, que recebi a seguinte mensagem: “Oi mãe, aqui tem sido a viagem dos sonhos, mas fico triste que não vamos passar o Natal juntos. Amo vocês demais, viu?”

Essa mensagem me fez lembrar da primeira vez que passamos o Natal fora do país, na Alemanha, para ser mais exata. A filha mais velha já morava lá, trabalhando, não poderia vir pra casa, então fomos até ela. O pai não foi, muitas horas de voo, disse ele. Mas estávamos as três, juntas.

E tivemos uma reunião de pessoas de lugares diversos, com costumes diversos, de religiões diversas, isso quer dizer que haviam pessoas cristãs, muçulmanas e ateias… Foi combinado previamente que a troca de presentes seria algo que fosse confeccionado por cada um de nós, que não fosse comprado, ou seja, teria um valor afetivo. Como éramos diversos, nem todos falavam a mesma língua, mas conseguimos nos entender.

Teve quem fizesse desodorante artesanal, origamis, biscoitos, escultura, etc.

Só soubemos para quem seria entregue o presente, na hora, por sorteio. Lembro que tirei uma jovem, e o que eu ofertei foi a história da boneca Abayomi. Por estar em outro país, em data de confraternização, achei apropriado, já que Abayomi, em iorubá, significa “encontro precioso”. Lembro bem que a jovem ficou bastante emocionada e que gostou muito, tanto da história, quanto da boneca que lhe ofertei.

Creio que foi o Natal que mais se aproximou de um encontro do tipo que Jesus propôs quando disse: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos.”

Pra mim, Ele quis dizer: Mais que a consanguinidade, somos irmãos, independente de que parte desse Planeta tenhamos nascido, que religião seguimos, ou não seguimos religião alguma, mas respeitamos e somos respeitados.

Ter vivenciado tal experiência foi muito marcante. Foi um estar fora de casa, me sentindo em casa e estar com minhas filhas naquele natal, foi aprendermos na prática sobre respeito e fraternidade.

Volto para o hoje, e percebo como é estranho só nós dois em casa, acho que estou experimentando o que chamam de ninho vazio. Mas não estou triste, estou feliz, pois as duas pessoas que tive a responsabilidade e o compromisso de trazer a esse mundo, são pessoas boas, de bom caráter, respeitam o próximo, com isso me sinto realizada. Essa é minha modesta contribuição para que o mundo fique um pouquinho melhor. E assim, posso desejar, feliz ano novo, tendo esse natal como modelo!

Cynthia Rabelo é pedagoga com especialização em contação de histórias, atualmente morando em São Luís do Maranhão