“A atual trama em Fortaleza recai sobre a Direita”, aponta o jornalista Nicolau Araújo. Confira:
O cenário é o mesmo, a trama é bastante semelhante, os atores exercem papeis conhecidos… mas se passaram 20 anos.
Quem na faixa dos 40 anos de idade não viveu o drama da então candidata Luizianne Lins, nas eleições de 2004, que de forma aguerrida enfrentou os índices favoráveis a Inácio Arruda, que por força das pesquisas de intenções de voto buscou se legitimar como representante da esquerda em Fortaleza, por meio do PCdoB?
Era preciso conter o que na época se chamava neoliberalismo, o que agora se conhece como direita. Extrema direita, para alguns. E foi disso, também, que se valeu Inácio Arruda para tentar exterminar a ainda pré-candidatura do PT, em articulações em Brasília, para que a esquerda não se dividisse na capital cearense.
E foi empunhando de forma orgulhosa a bandeira do PT, que Luizianne enfrentou tudo e a todos, incluindo o companheiro Inácio, que confundia os seus bons índices nas pesquisas com o recall de seis eleições seguidas em 12 anos, incluindo a sua terceira à Prefeitura de Fortaleza.
Mas, o que o atual representante da esquerda, Evandro Leitão, do PT, teria a ver com a vitoriosa trajetória de Luizianne Lins?
Na verdade, nada.
Assim como os roteiros modernos promovem a versão romântica dos então vilões, a exemplo de Malévola, do ogro Shrek e do cruel Gru, esse último mais conhecido como Meu Malvado Favorito, a atual trama em Fortaleza recai sobre a Direita, com o jovem André Fernandes, do PL, no enfrentamento a Capitão Wagner, do União Brasil, que no papel de Inácio Arruda também confunde uma inicial liderança nas pesquisas de intenções de voto com o recall de cinco eleições em dez anos, incluindo a sua terceira à Prefeitura de Fortaleza.
Seguindo de forma fiel o script de Inácio, o pré-candidato do União Brasil tenta se valer do discurso de não dividir supostas candidaturas da Direita, por força de sua momentânea ponta em pesquisas eleitorais, antes mesmo do início do período de campanha. E isso inclui articulações em Brasília.
Se a trama seguir o roteiro original de 20 anos, Wagner deverá minguar ao longo desses três meses, quando então poderá entender a diferença de recall para a conquista do coração do eleitor.
Já o script de Fernandes, sim, foi o que coube a Luizianne. Se o resultado será o mesmo, isso caberá ao roteirista denominado eleitorado de Fortaleza.
André Fernandes terá que mostrar que o “malvado” também pode ser querido…
Nicolau Araújo é jornalista pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido
Uma resposta
Não vejo esse cenário como comparação. Luizianne fez a defesa do PT e seu programa, entre eles, o orçamento participativo. Não participei dessa campanha. Moro no interior. Mas, era essa a narrativa, que foi devidamente cumprida pela gestão. A diferença é que André Fernandes, vai invocar a imagem do padrinho Jair Bolsonaro, cujo eleitor sempre votou no Wagner. Não vejo força no apelo do André Fernandes contra o Wagner. Quem é mais Bolsonarista? Não é o que o eleitor quer ouvir dele. Quer saber se ele está preparado pra governar; inexperiência,
pouco conhecimento dos problemas da cidade, são fragilidades que facilita pra Wagner manter seu eleitorado.