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“Rios e Aldeias”

Professor João Teles. Foto: Reprodução

Com o título “Rios e Alderias”, eis a colaboraçao do professor e historiador João Teles. “O que ocorreu e ocorre no Rio Grande do Sul, precisa ser pedagógico, precisa entrar em nossas mentes, como ensinamento, aprendizagem; tanto para quem lá reside, como para quem viu e/ou soube das notícias que vem de lá”, expõe o articulista.

Confira:

Alberto Caieiro, pseudônimo do poeta português Fernando Pessoa, nos presenteou com uma obra fabulosa sobre o rio de sua infância, de sua terra natal. Poema que nos faz lembrar do rio dos nossos tempos de menino. No meu caso, Juazeiro e Coreaú, onde tomei banho e dei muitas braçadas.

Para Caieiro: “O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia”.

E saber que os rios de nossa meninice estão abandonados, assoreados, precisando de dragagem, escavação, mata ciliar, leito livre… Mas é difícil. As obras (pra eles) não vem, não geram votos, não agradam os senhores administradores. O que fazer? Deixar tudo se acabar?

Não. Um rio, como um jardim, precisa de cuidados cotidianos, eternos. Não se pode deixar um manancial importante ao deus-dará . Não se deve negligenciar com ele, senão nos vem um Rio Grande do Sul sobre a cabeça.

Temos em muitas ruas e cidades, pessoas morando praticamente dentro dos rios, por conta da insensatez e da política do lucro fácil, chamada por aí de especulação imobiliária. Ela manda e desmanda; ela destrói territórios e, muitas vezes, vidas. Inclusive de animais.

Os rios Juazeiro e Coreaú, os da “minha aldeia”, precisam de melhor sorte e um futuro melhor. Suas vazantes e poços d’água são um refrigério para muita gente e muitos animais; seus pés de angico, mangueira e pau-do-rio, dão de comer a meio mundo de pássaros, que, em seus galhos, cantam, felizmente. Um rio tem vida e assegura vida, a tantos outros seres. Por isso precisa ser bem tratado.

O que ocorreu e ocorre no Rio Grande do Sul, precisa ser pedagógico, precisa entrar em nossas mentes, como ensinamento, aprendizagem; tanto para quem lá reside, como para quem viu e/ou soube das notícias que vêm de lá. As escolas, igrejas, entidades, deveriam pautar o tema. Fazer com que mais e mais pessoas saibam do que ocorreu e ocorre lá, e de suas (muitas) consequências.

Precisamos todos cuidar disso. Nas escolas, nas igrejas, nos sindicatos, nos grupos de jovens e coletivos outros.

A coisa é muito séria!

*João Teles,

Professor e historiador.

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