“Dívida e promessa”

Totonho Laprovítera é arquiteto e escritor. Foto: Reprodução

Com o título “Dívida e promessa”, eis mais um conto de Totonho Laprovítera, arquiteto, escritor e artista plástico.

Confira:

“A única coisa que vem até você, sem a sua determinação, é a dívida.” (Reno Ximenes)

Dı́vida é uma obrigaçã o 2inanceira assumida ao receber um empréstimo ou comprar bens a crédito, devendo ser paga dentro de um prazo com juros. Promessa é um compromisso de realizar algo no futuro, podendo ser feito em vá rias situaçõ es, e é importante cumpri-la para manter a confiança.

Sobre dı́vida e promessa, ouvi o Chiquinho dizer “nã o deva a rico, nem prometa a pobre”, uma daquelas máximas que atravessam geraçõ es, carregando consigo a sabedoria de experiências vividas. O ditado nos lembra de que devemos ser cuidadosos, justos e equilibrados com nossas promessas e compromissos,
qualquer seja a situaçã financeira da pessoa envolvida. Devemos honrar nossas dı́vidas e compromissos e somente prometer o que podemos cumprir.

Falando em dı́vida, do Bairro Tancredo Neves, recebi a seguinte carta: “Seu Totonho, tenho uma pequena bodega, mas as coisas estão tão difı́ceis que não sei mais o que fazer. Minha clientela é boa, mas não posso mais vender fiado, pois lá onde eu compro as mercadorias não posso atrasar de jeito nenhum, e meus clientes estão atrasando muito. Aí, o que devo fazer: cortar 100% do fiado ou ir aguentando até
quebrar? Estou desesperado, me ajudem! Ass.: Zé Carlito.”

Respondi: Zé Carlito, como dizem, “vender fiado só é bom para quem compra, pois contrai uma dı́vida sem dia certo para pagar”. No entanto, sugiro-lhe uma placa avisando que não vende fiado, principalmente, cigarro e bebida para quem bebe pra esquecer. Talvez, isso diminua esse seu problema e lhe livre dos aproveitadores.

Muitas vezes, é melhor perder um cliente mal pagador do que sustentá-lo por sabe lá quanto tempo, né? Contudo, ouça um especialista em negócios, porque eu não entendo muito bem essa coisa de vender e cobrar, não. Boa sorte. Totonho.

Falando em promessa, quando eu fazia o quinto ano primário, aos onze anos de idade, eu tive uma grande dificuldade de passar de ano. Daı́, fiz uma promessa que, se lograsse êxito no meu rogo, eu assistiria à missa durante sete dias seguidos.

Passei de ano e, para pagar a minha promessa, lá eu ia diariamente à missa das cinco da tarde na Paróquia da Paz. Lembro-me que eu tomava banho, me arrumava todo e seguia a pé, pisando com as minhas confortáveis alparcatas franciscanas. Como chegava às três, eu fazia hora na quadra da paróquia, onde jogava bola para depois assistir à Santa Missa, suado que só. Gostei tanto de cumprir a promessa, chega nos três últimos dias da promessa terminei foi ajudando à missa celebrada pelo então bom Padre Amarı́lio.

Se tivesse sido coroinha, talvez me ordenasse padre e, quem sabe, se o Papa Francisco de hoje não seria brasileiro.

*Totonho Laprovítera,

Arquiteto, escritor e artista plástico.

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