“A administração das coisas do Estado e a regência das aspirações da nação fogem, nestes dias de incertezas e abstrações ideológicas, a regras ultrapassasse da burocracia e da cultura política que dominam o país e os seus cidadãos”, aponta o cientista político Paulo Elpídio de Menezes Neto. Confira:
Os “democratólogos”confundem governo forte com ditadura e governabilidade com combinações e arranjos políticos.
A diversificação da economia e do mercado e a complexidade crescente das relações internacionais transformaram o projeto de um governo mundial em esperança remota de alianças ambiciosas.
Por outro lado, as artes do governo nacional tornaram-se atividades especializadas, a exigir do aparelho estatal poderes que ultrapassam os limites estreitos de uma comunidade de políticos, de interesses privados, de partidos e de instituições destituídas autoridade no quadro amplo de uma legitimidade aceita.
Em outras palavras, não é a fórmula frouxa e esdrúxula da democracia “relativa” que fará da gestão do Estado e dos bens da nação uma atividade “especializada”, conduzida por dirigentes empoderados de uma representação legítima e de mandato conferido pelos cidadãos.
A administração das coisas do Estado e a regência das aspirações da nação fogem, nestes dias de incertezas e abstrações ideológicas, a regras ultrapassasse da burocracia e da cultura política que dominam o país e os seus cidadãos.
Os que enxergam neste quadro a morte anunciada do capitalismo não percebem as proporções técnicas e o tamanho da “empresa” em que se transformaram o Estado e as formas de governo.
China e Rússia apontam para o modelo controlado pelo Estado, com as largas exceções consagradas e reconhecidas em uma nova oligarquia de “oligarcas” poderosos, uma forma peculiar de capitalismo cativo que semanticamente podemos designar como “capitalismo de Estado”.
A Turquia e os amplos domínios políticos e religiosos do Corão associam as anunciações da fé a um Estado guerreiro e rico, guardando o monopólio do petróleo e das virtudes da religião.
A América Latina, pendurada em uma dependência secular, movida pelos anseios dos caudilhos civis e militares que forjaram a concepção de poder “populista” na Região, escolheu rota própria.
A profusão de nações e protetorados de políticos e estadistas armou-se como potências de meio-quilate, no plano militar e bélico, espécie de gendarmerias de fronteiras mal-guardadas, e recuaram em busca das tradições imemoriais das populações originárias e dos valores esquecidos destruídos pelos colonizadores peninsulares…
Paulo Elpídio de Menezes Neto é cientista político, professor, escritor e ex-reitor da UFC