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“Tempo, tempo, tempo…”

Totonho Laprovítera é arquiteto e escritor. Foto: Reprodução

Com o título “Tempo, tempo, tempo…”, eis mais um conto da lavra de Totonho Laprovitera, arquiteto, escritor e artista plástico..

Confira:

Quem promete o futuro, nega o presente.

Na fila do ponto de ônibus, ouvi de um senhor de idade: “As lembranças nos levam ao passado, os sonhos ao futuro.” Pensando no futuro do passado, cá entre nó s, dou o maior valor às narrativas que projetam o passado para o futuro. Na fı́sica quântica, passado, presente e futuro se interligam. As narrativas que relacionam o passado ao futuro são como partı́culas quânticas, que podem existir
em diversos estados ao mesmo tempo. Assim, valorizar essas narrativas significa reconhecer a complexidade e a interconectividade de todos os momentos no tempo.

O futuro do passado é uma sobreposição de possibilidades, onde cada escolha e ação do passado in$luenciam as trajetó rias futuras. Ao avaliarmos isso, entendemos que todas as histórias sã o parte de um tecido trançado de eventos e significados que se estendem ao longo do tempo.

“Blade Runner, o Caçador de Androides” (1982), dirigido por Ridley Scott, leva-nos a uma visão distópica do futuro, onde a esté tica futurista se mistura com uma atmosfera urbana sombria e decadente. Nesse cená rio, no inı́cio do século XXI, uma poderosa corporaçã o cria replicantes, androides quase indistinguı́veis dos humanos, em força, agilidade e inteligência. Esses seres são usados como escravos
em atividades de colonizaçã o e exploração em outros planetas.

O filme, apesar de concebido como uma visã o do futuro distante, passa-se no longı́nquo ano de 2019, tempo por nós já experimentado. A construçã o dessa paisagem cinematográfica levanta questões e traz reflexões pertinentes sobre as complexidades urbanas e as estratégias necessá rias para a reinvençã o das cidades. Muitas vezes me surpreendo com meus pensamentos. Em clima de ficção cientı́fica, embalado em minha velha fianga, abstraio-me e reflito. Creio que em um futuro bem distante, quando já decifrada a existência humana em relaçã o ao tempo, os seres elevados se impressionarã o com os antigos mortais, por terem feito de tudo para durarem em suas efêmeras vidas. Observarão, então, a estranha obsessão dos ingênuos humanos de se transformarem em seres de luz. Aı́, quando percebo, essa inquietação aponta-me o princı́pio do precioso religare entre o homem e Deus.

Por fim, recordo um episó dio em que participei de um programa da EMI – Escola de Marketing Industrial, em Sã o Paulo, onde foi apresentado um planejamento do Laboratório Fleury com três estratégias de visão de futuro. Questionei por que, apesar dos avanços cientı́ficos na medicina, ainda é necessário
realizar exames de sangue de forma invasiva. O palestrante sugeriu encaminhar a questão para discussão da visão para os próximos dez anos.

Tempo, tempo, tempo…

*Totonho Laprovitera

Arquiteto, escritor e artista plástico.

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