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“Via Lucis”

Totonho Laprovítera é arquiteto e escritor. Foto: Reprodução

Com o título “Via Lucis”, eis mais um conto da lavra de Totonho Laprovítera, arquiteto, escritor e artista plástico.

Confira:

“Há homens que são como as velas; sacrificam-se, queimando-se para dar luz aos outros.” (Padre Antônio Vieira) Outro dia, na madrugada, eu estava pensando, bem deitado na velha fianga,
ouvindo meu insone radinho de pilha. Quando dei fé, o tempo se avexou e alumiou o céu, fazendo raiar o desenho da paisagem que Deus pinta todo santo dia. Pois bem. Se tem algo que eu realmente dou o maior valor, é a de me acompanhar de pessoas cultas, inteligentes e agradáveis. E tendo uma bebidinha para molhar a palavra, então, é bom demais.

Durante um almoço em São Paulo com o amigo José Carlos Teixeira Moreira, enquanto agasalhávamos no bucho a comida e no quengo conhecimento, assuntamos sobre os caminhos sagrados da humanidade. Um exemplo é a Via Sacra, que nos atrai a matutar sobre a Paixão e Morte de Jesus Cristo. Também conhecida como Via Crúcis, a Via Sacra consiste em percorrer o caminho em que Jesus carregou a cruz até o local da crucificação. Nessa pisada, as meditações são baseadas nas 14 estações que exibem cenas da Paixão de Cristo para reflexão dos fiéis. José Carlos, então, falou sobre a Via Lucis, matéria ignorada por mim, até então. Como desenvolvo uma série de pinturas intitulada “Constelações da Fé Nordestina”, curioso, interessei-me pelo assunto e pedi mais detalhes sobre o tema.

A Via Lucis, também chamada de Caminho da Luz, é uma devoção complementar à Via Crúcis. Enquanto a Via Crúcis foca nas etapas do sofrimento de Cristo, a Via Lucis celebra os momentos marcantes do processo de purificação e iluminação, ressaltando os acontecimentos, encontros e testemunhos ocorridos após a ressurreição de Cristo. Contudo, nem todos os fiéis estão cientes da Via Lucis, que é considerada a “Via Sacra da Ressurreição”.

Passa a marcha. Na década de 1990, levado ao Cariri pelo deputado Arnon Bezerra, apresentei ao Monsenhor Murilo o projeto urbanístico da “Via dos Preceitos de Padre Cícero”, com a criação de um percurso até o Horto, em Juazeiro do Norte. A proposta contemplava 10 estações e, ao final, próximo à Pedra do Joelho, uma laje com a impressão dos pés de Padre Cícero em concreto, marcado como o lugar onde ele costumava contemplar a vista de Juazeiro. Em tom brincalhão e solene, Monsenhor Murilo questionou sobre como eu tinha certeza de que aquele era o ponto exato. Entusiasmado, respondi: Monsenhor, os romeiros falam muito.

O saudoso Monsenhor Francisco Murilo de Sá Barreto (1930-2005) é reconhecido como o principal líder espiritual de Juazeiro do Norte, depois de Padre Cícero Romão Batista (1844-1934). No mais, muita luz para todos nós!

*Totonho Laprovítrea

Arqutieto, escrior e artista plástico.

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